sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Minha oração na Dor.



François Voltaire nasceu em Paris em 21 de novembro de 1694.
Seu legado está ligado à poesia, à literatura, mas principalmente, ao esforço de mostrar que a intolerância religiosa é perniciosa, maligna.
Ele escreveu enquanto milhares morriam na fogueira, nas forcas e nas masmorras imundas da Europa medieval. 
Diante de tanta tragédia, Ele não se conformava.

Para Voltaire tais assassinatos não tinham outro fundo senão o fanatismo.
No esforço de defender as convicções do ataque daqueles que eram considerados hereges, muitos padres, pastores e príncipes não hesitavam em condenar gente ao suplício. E isso era indigno.
No final de sua obra, "Tratado sobre a Tolerância", Voltaire incluiu uma prece.
Embora séculos já tenham passado, ela continua atual.
Vale repeti-la como oração para o nosso tempo.


Salamaleiko.
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Oração a DeusVoltaire

Não é mais aos homens que me dirijo. É a Ti, ó Deus!
Deus de todos os seres, de todos os mundos e de todos os tempos.

INSTANTE
Se é permitido a frágeis criaturas perdidas na imensidão e imperceptíveis ao resto do Universo, ousar Te pedir alguma coisa, a Ti que tudo criaste, a Ti cujos decretos são imutáveis e eternos, digna-Te olhar com piedade os erros decorrentes de nossa natureza.

SÚPLICA
Que esses erros não venham a ser nossas calamidades.
Não nos destes um coração para nos odiarmos e mãos para nos matarmos.
Faz com que nos ajudemos mutuamente a suportar o fardo de uma vida difícil e passageira.

CONSTATAÇÃO
Que as pequenas diferenças entre as roupas que cobrem nosso corpo, entre nossas linguagens insuficientes, entre nossos costumes ridículos, entre nossas leis imperfeitas, entre nossas opiniões insensatas, entre nossas condições tão desproporcionadas a nossos olhos e tão iguais diante de Ti; que todas essas pequenas DIFERENÇAS que distinguem os chamados "homens" não sejam sinais de ódio e perseguição.

DIVERSIDADE RELIGIOSA
Minha prece é para que, os que ascendem velas em pleno meio-dia para Te celebrar suportem os que se contentam, sem rezar, debaixo da luz do Teu sol. 
Que os que cobrem suas vestes com linho branco para dizer que devemos Te amar, não detestem os que dizem a mesma coisa sob o manto de outras cores e nações. 




UNIVERSALIDADE
Que seja igual Te adorar em qualquer canto do mundo, num lugar diferente, numa linguagem popular ou antiga, ou numa linguagem rebuscada e culta, independente de onde a prece tenha partido.

ÀS AUTORIDADES
Que aqueles cuja roupa é tinjida de vermelho ou de violeta, que dominam sobre uma pequena porção de um montículo de lama deste mundo e que possuem alguns fragmentos de certo metal no peito usufruam sem orgulho o que chamam de grandeza e riqueza, e que os outros não os invejem, pois Sabes que não há nessas vaidades nem o que invejar, nem do que se orgulhar.

IGUALDADE
Possam todos os homens lembrar-se de que são irmãos, filhos de um mesmo pai!
Que abominem a tirania exercida sobre as almas, assim como condenam o banditismo que toma pela força o fruto do trabalho do homem pobre!

PEDIDO DE PAZ
Se os flagelos da guerra são inevitáveis, não nos odiemos...
Não nos dilaceremos uns aos outros em tempo de CONFLITOS e empreguemos o instante de nossa existência para abençoar igualmente em mil línguas diversas, do Sião à Califórnia, Tua bondade que nos deu esse instante.

Minha prece nesta noite.


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