sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Lágrimas, Medo e Solidão.



Era noite...uma ilha deserta...árvores bailavam conduzidas ao vento.
Fui jogado ao mar. Vi meu corpo estendido sem medo sobre as águas. Boiava sobre mim folhas de uma árvore nativa. Vi as pedras no fundo da água. Eram cinzas como o céu daquele espaço.
Sobre meus olhos, um facho de luz atravessava minha alma nesta solidão.
Olhei para trás e percebi que meus remos haviam ficado na beira da praia.

Cavalguei nas estradas daquele deserto...
Desconheçia os rastros que me trouxeram ao cume daquela esfinge.
Duas enormes pernas de pedra, rescostadas sobre aquele monte de areia, ainda permaneciam de pé no deserto. Bem a seu lado, meio enterrada na areia, havia uma cabeça.
A imagem daquela pirâmide que estancou à minha frente fazia reluzir a escuridão da noite.
Tomei meu cavalo e pus nas costas o fardo de um visionário sem alforje.


Andei por léguas aflito, á espera daquela porta prometida.
Solfejei melodias universais naquela noite que me traiu.
Quando eu me encontrava na metade do caminho de minha vida.
Me vi perdido nesta noite escura, sem sol, sem ar e sem saída.
Ah...como é difícil descrever a imagem daquela floresta selvagem, forte e dura.
Era tão amarga quanto a morte.
Mas para expôr o que lá encontrei, outros dados eu darei da minha sorte. (trecho de Dante)


Não me recordo bem ao certo como entrei, tomado por uma sonolência estranha.
Eu seguia por uma pastagem escura, em que no sonho, dava sempre ao pé de uma montanha.
Não sabia bem o que me movia.
Vi-me bem embaixo de uma ladeira, que tanto medo dava, de tão fria.
Lembrava-me a imagem de uma cena que vi um dia.

Era como uma estação de trem abandonada.
A noite, as pedras, a mata, sem vida, sombra de um pesadelo que me aturdia.
Imagens distorcidas, visões de uma labirinto sem saída.
Eram presságios que habitavam o imaginário daquela menina, que calada, me seguia.


Pude ver seu cabelos negros. Sua pele alva. Lacrimejava porque de de dor se contorcia. 
Contemplava distante a quem ela vira um dia.
Vi que sua destra era como a de um cavaleiro andante.
Ela obcecou meus olhos e se foi.
E eu fiquei ali, sem saber como do nada, aquela imagem me seguia.

Sonho de um menino, poderia ser o título deste texto, que narra aquilo que vi, numa noite, um dia.
Frei Eduardo F. Melo
Santa Teresa
12 de fevereiro - 2010.

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