Sobre diários reais e imaginários.

Ontem li um diário imaginário.
Vi que sombras pairavam sobre um jardim distante.
A noite já vinha adiantada e por isso
tive de retornar da areia da praia.
Era tempo de partida.

Sentado a beira de um abismo
recebi a mensagem duma garrafa que veio na direção onde me encontrava.
Olhando pela janela daquela noite fria e sozinha
A estrada escura que me conduzia
trazia uma suave e triste melodia.

Eu via a lua, tomado por uma sonolência estranha
Nesta noite escura e vazia.
A última vez que estive a falar com as árvores
Elas me informaram seu destino.

Confesso que não chorei
quando vi aquela estrada silenciosa diante de mim.
Ela me disse palavras sinceras
desvendou seu coração.
E eu, agradecido pela vida
deixei seus olhos livres.

Meu coração ao seu se ajuntou
Eu vi sua dor doer em mim.
Vi-me refletido naquele olhar.
Ela me agradeceu e se despediu com lágrimas.
E se foi para o monte que a todos pela estrada guia.

Frei Eduardo F. Melo
Teresópolis, 4 de março de 2011.