terça-feira, 29 de março de 2011

Pós-Modernidade em Questão!


Ressurgindo no tempo...
Depois de alguns dias sem tempo para novas postagens, eis que surge do "forno" um pão quentinho saído das raizes da Alma.
O texto foi escrito já algum tempo e foi publicado no Informativo da paróquia onde eu trabalhava agora no mes de janeiro. Ele é baseado na leitura do texto "Qual o futuro do cristianismo?.
Boa leitura para todos!

Comumente se diz que a pós-modernidade é o nome aplicado ás mudanças históricas ocorridas nas ciências, nas artes, e nas sociedades avançadas a partir da década de 1950, quando por convenção, encerra-se a Modernidade. Na Idade Moderna os teóricos de plantão gritavam “Deus está morto”. Hoje, mesmo os mais puros “agnósticos” aceitam a valiosa contribuição da idéia da existência de Deus para o rumo da vida humana.

Os Filósofos Iluministas afirmavam que a Humanidade só faria grandes progressos quando a razão e o conhecimento se difundissem entre todos. Em pouco tempo, acreditavam que a irracionalidade e a ignorância desapareciam da face da terra, e assim surgiria uma nova “Humanidade iluminada e esclarecida”. Tal pensamento dominou a Europa Ocidental até poucas décadas.

Em linhas gerais, a pós modernidade possui algumas características peculiares:

1-       A Pós-modernidade esvaziou a validade da religião Formal, mas não conseguiu matar a sede de espiritualidade nas pessoas.
Consciente de que não há céu nem Deus, o homem pós-moderno não entende porque não consegue erradicar o “vazio” de sua alma. Novamente volta-se ao passado questionando se não perdeu alguma coisa importante ao varrer para debaixo do tapete o espiritualidade como conceito de vida.

2-       A Pós-modernidade prega para o Indivíduo uma nova dicotomia entre vida pública e vida privada.
O Homem pós-moderno vive na emergência e na exaltação de uma cultura narcisista. Neste tempo a cartilha dita que a auto-imagem projetada conta mais que a honestidade, as habilidades e o caráter adquirido. Na pós-modernidade ensina-se que vale mais “dar certo” do que “estar certo”.

3-       Na Pós-modernidade, a religião deixa de ser uma dimensão pública da vida e passa se restringir á esfera privada.
As pessoas querem optar pelas suas preferências religiosas sem serem importunadas por opiniões contrárias. Semelhantemente não tentarão impor sua nova opção de fé a ninguém, como se tivessem escolhido um “sabonete” (Os critérios da religião passam a ser interpretados como íntimos e subjetivos). Assim na postura religiosa da pós-modernidade cada um na sua, e nada de se falar sobre comportamentos éticos, sexuais ou religiosos.

4-       Na Pós-modernidade a Igreja passa a ser uma Instituição a mais entre outras, e o tema da religião obrigatoriamente, fica restrito a questões de culto, sacramentos e vida pós-morte.
Na sociedade secularizada a religião perdeu o centro da sociedade. Se até o Período Moderno a religião legitimava as diversas opiniões e as atividades públicas, agora sua tarefa se restringe ao templo e às sacristias. E coitado do pastor ou do padre que falar como devem se comportar os “novos indivíduos”...

5-       Na Pós-modernidade revigora-se um anarquismo ético nas instâncias públicas.
Neste novo tempo, o individuo deve rechaçar todas as referências éticas externas. Ensina-se que ele tem o “direito” de fazer o que bem entende, mesmo que suas decisões contrariem os padrões éticos de comportamento conforme o direito civil. Na intimidade do seu próprio eu, a pessoa pode escolher o que bem entender, e ninguém têm o direito ou o parâmetro certo para julgar a validez das suas decisões.

6-       Na pós-modernidade evoca-se a incompatibilidade entre o caráter ético das decisões internas e a liberdade de arbítrio no campo das decisões coletivas.
Para o indivíduo pós-moderno algumas dimensões da vida podem permanecer no setor púbico, tais como o exercício da política, as ciências e pesquisas e os negócios. Tudo o mais é jogado para o domínio absoluto da privacidade. Assim, atualmente as opções sexuais nãos se constituem mais em uma questão ética, mas numa questão de preferência, inclusive na cabeça de muitos cristãos.

Continua nos próximos dias.

Frei eduardo F. Melo
Teresópolis - RJ.
28 de março de 2011.

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