domingo, 23 de janeiro de 2011

Abismos no Deserto.


No meio do caminho desta vida, uma tarde me vi sem rumo, sem sol e sem saída.
Como descrever aquela dia sem que minh'alma, à força desta imagem-guia
desapareceria num toque que de tanto, forte me aturdia?
Mas para expor o bem que encontrei, outros dados eu darei da minha sorte.

Dos raios que me reportaram ao sol daquele imenso mundo que como espelho clareava a minha frente
nunca hei de esquecer, um dia, em que no átrio do templo que eu via no rumo do sol 
eu entrei numa terra estranha aturdido com a poeira do deserto que ali se me imprimia.

Só sei que cheguei ao cume de uma montanha
de onde me via, na imagem de um peregrino sozinho caminhando coberto de espelhos,
o reflexo daquele ser que dali pra frente, sozinho me guiaria.

Quando as tempestades de areia inundavam aquele solo terrivelmente petrificado
Eu concluía que não há ser vivo que se mantenha altivo
sem que seus olhos sejam tocados pelo reflexo do dedo divino que sobre as nuvens ascenderia. 

Tive essa visão quando estive caminhando entre as dunas de areia daquele amplo e vasto espaço sagrado.
Vi que quando chega o inverno, sem que ninguem os instrua, os pássaros se erguiam espontaneamente aos céus em incrivel altura.
Conduzidos pelo misterioso legado de sua espécie, seguindo apenas os impulsos magnéticos da terra e do coração
eles voavam pelas trilhas do sol em busca de seu paraíso imaginário.

Assim acontecia também com cada ser vivo que se inscrevia na nobre aventura daquela viagem.
Eles passavam a entender o incrivel elo que move as camadas e as forças inprescindiveis que regem este vasto universo que é cada precário ser vivo.

Quando no crepúsculo do outono cair sobre nós o imenso frio do inverno
só assim, carregados então pelo fascinante destino de nossa espécie
voaremos, seguindo apenas os acenos e anseios da eternidade
rumo à morada da luz
o espaço e o solo sagrado deste perdido paraíso.

Na nostalgia melancólica da tarde do centro do país.
Lembrei-me de Israel e das visagens que lá tive.
onde o sol é mais quente
onde as miragens se acendem
onde os montes tocam o divino.
onde tudo se me fez mais simples, mais puro e mais fino.

Frei Eduardo F. Melo
Goiânia - GO
23 de janeiro - 2010

Um comentário:

  1. Bom Dia FRei!!!!!
    Bem como os pássaros tu também tem sido guiado pelo magnetismo da terra e do teu coração e mais uma vez deixa-nos belas palavras.A efêmera nostalgia melancólica que parece estar passando, pode até estar causando-lhe uma pontinha de um sentimento estranho que as vezes não sabemos nem nomear, mas para almas e corações que passam sua maior parte em tons de cinza passa a ser um alento.
    Abçs!!!

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