"Ele é a imagem do Deus invísivel".
Vez por outra bate no meu coração nostalgia. Não entendo porque meu temperamento e minhas expectativas mudam com tanta velocidade.
Num dia acordo super animado e feliz, acreditando que tudo sairá bem. Inevitavelmente noutros dias sou tomado por um pessimismo estranho, por uma sensação de vazio e de incapacidade para encarar os paradoxos da vida. Levanto ás vezes da cama com a leve sensação de que o mundo conspira contra minha felicidade.
Um dia quase pensei sofrer de depressão. Na clínica médica, os que sofrem dessa alteração de humor são caracterizados pelo Transtorno Bipolar. Mas sei que não estou sozinho nessa jogada.
A tristeza e o medo de que algo pode dar errado nos desestimula a encarar a vida como ela é. Perdemos a paz simplesmente por sentirmos nossas forças se afundarem no pessimismo.
Nesses dias obscuros, tomados pelo receio do inacreditável,
cremos que o futuro será nebuloso e ingrato conosco.
Nessas horas precisamos de uma dose diferente de energia para não sermos engolidos pela fugacidade da vida que pede insistentemente: Pare e olhe para o espelho!
A escritora Clarisse Lispector escreveu um belíssimo poema que hoje é a fonte de inspiração para este texto que escrevo:
" Você só poderá ser feliz na vida quando souber perdoar
os erros e as decepções do seu passado.
A vida é curta, mas emoções que podemos deixar duram uma eternidade.
Palavras que dissemos e opções que fizemos,
podem ter conseqüências enormes sobre o nosso futuro.
A Vida não é de se brincar, porque um belo dia se morre”.
Aparentemente pessimista, o texto apresenta algumas verdades intrigantes!
Desde que li o livro do Eclesiastes alguns anos atrás, confesso que minha visão de mundo e da vida vem sofrendo alterações.
Não aceitava que Deus poderia abençoar e proteger a vida de alguns, e simplesmente ignorar o sofrimento e os traumas de outros. Eu era um adolescente e naquela época conservava ainda um espírito de rebeldia e de ceticismo em relação a tudo que fosse imposto à mina inteligência. Com o passar dos anos mudei minha cosmovisão sobre Deus e o mundo...
Venho repensando seriamente minha Fé.
Entendo claramente hoje, que toda a base da religiosidade cristã está alicerçada sobre conceitos sólidos e plausíveis, mas confesso que o simples fato de conhecê-los não me tornou um melhor cristão. Entendi que a questão é outra.
Na dinâmica da fé, não basta o simples conhecimento, muito menos uma piedade ou uma fé exagerada, sentimentalista e supersticiosa para superarmos nossos medos diante das dificuldades da vida. Aprendi que para vencermos na vida, não basta termos boa disposição, otimismo e coragem.
Na dinâmica da fé, não basta o simples conhecimento, muito menos uma piedade ou uma fé exagerada, sentimentalista e supersticiosa para superarmos nossos medos diante das dificuldades da vida. Aprendi que para vencermos na vida, não basta termos boa disposição, otimismo e coragem.
A história que premia os corajosos que resistem ao cinismo e à inércia, também condena os fracassados a padecerem sozinhos diante do caos que se tornou a vida.
É preciso criarmos uma ambiência e uma estrutura de vida credível para que a religiosidade que cultivamos não se torne uma válvula de escape para não encararmos com serenidade as paranóias deste mundo e a dificuldade inerentes ao viver humano.
Muitas vezes, sem percebermos, a Religião também pode ser também geradora de pessoas alienadas e preguiçosas. Na vida, se não tomamos cuidado, corremos o risco de estarmos investindo forças na edificação de castelos de areia.
Muitas vezes, sem percebermos, a Religião também pode ser também geradora de pessoas alienadas e preguiçosas. Na vida, se não tomamos cuidado, corremos o risco de estarmos investindo forças na edificação de castelos de areia.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. É preciso arriscar. Confrontarmos forças e dedicarmos tempo para delinearmos nosso futuro, sabendo que Deus tem alegria em nos fazer o Bem, que Ele quer ser nosso sustentáculo seguro e como um companheiro de caminhada, está ao nosso lado para nos estender a mão quando cairmos pela estrada...
No ano passado fiz uma constatação de que a minha oração estava meio interesseira para com Deus. Forçava nas palavras. Tentava arrumar frases bonitas e coerentes. Imaginava que Deus estava me ouvindo; e eu, meio cínico e iludido, fazia malabarismos para arrumar argumentos para convencê-lo das minhas fraquezas.
Sabendo que ele me ouvia, decidi parar e pedir desculpas pela hipocrisia. Uma oração maquinada e conexa, arranjada estilisticamente, mas totalmente fria e interesseira. Mesquinha até...
Resolvi agradecer por Ele mesmo existir. Parei pra pensar e percebi que 85 % de minhas orações estavam direcionadas a agradecer e a lembrar de coisas que Deus tinha me dado. Uma oração materialista que nada tinha de sincera. Percebi que sua vida é tão bonita e sua pessoa e seu caráter, resplandecem uma beleza tão nobre e tão pura...
“Que eu não precisava ficar agradecendo por COISAS que Deus simplesmente pode FAZER ou DAR para mim, mas por aquilo que Ele PASSOU A SER para mim depois que o conheci.”
"Entendi que Deus me ama sem precisar que eu o ame
e corresponda a este amor, por isso Ele me tornou livre!
Entendi que o conceito que fazemos de uma pessoa revela e muito o modo como vamos nos relacionar com Ela. Dessa forma quando lidamos com alguém que consideramos com amor e carinho, temos a predisposição de amá-la e acolhê-la com suas limitações e defeitos.
Aceito que grande parte dos dramas no relacionamento humano estão vinculados à nossa incapacidade de aceitarmos e de respeitarmos o tempo de mudança das pessoas.
Insensíveis e frios, queremos que os outros se adequem aos nossos parâmetros e regras; agindo assim, sem perceber, nos comparamos aos deuses fracassados, e acabamos querendo determinar os comportamnetos dos que nos rodeiam.
Mas Deus não age assim ! Como um Pai amoroso e bom,
Deus exerce sua paciência sem abusar de sua soberania.
Aprendi também que o jeito que uma pessoa aparece para mim é que vai ditar o modo como deverei me relacionar com Ela, e no caso de Deus, reconheci que precisava e muito mudar minha concepção a respeito do seu caráter. O problema da questão estava em mim, e não Nele...
Eu é que tinha de mudar as lentes dos meus óculos. Reconheci que necessitava de uma nova experiência de conversão. E hoje reconheço de novo esta mesma necessidade. E é por isto que eu luto.
Como no dizer da santa Teresa de Ávila:
"Tem épocas da vida que precisamos de uma conversão dentro da conversão".
Hoje , preciso escutar o sábio provérbio desta doutora da Igreja!
Eis a questão.
Frei Eduardo F. MeloEis a questão.
18 de outubro- 2009.
Salamaleiko.
Frei Eduardo,
ResponderExcluirQuando acordar desanimado e triste, lembre-se que, além de Deus,aqui em Linhares fizestes muitos amigos que querem seu bem, inclusive eu e Tarcisio. Estaremos sempre prontos a te acolher. Fique com Deus!!.
Me fortaleci aqui.
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