segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Declínios Solitários.



Hoje escrevo sobre como gostaria viver.

Vivo uma fase de transição!
Hoje retorno ao passado, e das fontes daquelas primeiras águas, desabafo com Deus minhas inquietações. Como ainda não alcancei a meta, sigo em frente acreditando nas mudanças que tenho planejado para minha vida. Por isso creio sempre:

“o melhor ainda esta por vir.”

Frei Eduardo F.

SOBRE COMO DESEJO VIVER

Quero viver sem as exigências religiosas das pessoas que esquecem que sou pó.
Tento, Deus sabe como, ser sensível à voz de Jesus e já não tolero pessoas que procuram mostrar sempre ao mundo o que nunca foram.
Não quero ser hipócrita.
Assumo minhas culpas e reconheço perante Deus o quanto tenho lutado para melhorar.

Quero viver próximo dos que me são caros.
Não suportarei essa distância.
Sim, reconheço, sou afetivo.
Mas sei também que sou julgado por causa disso.
Só não sei como explicar porque certas pessoas querem que ao mesmo tempo sejamos frios e dóceis, afáveis e ponderados, amigos de todos, porém, nunca próximos (?).

"Certas pessoas esperam e cobram de nós um equilíbrio emocional e uma sobriedade que nem o mais sábio e prudente dos homens poderia alcançar."

Por isso hoje assumo: quero viver sem a cobrança impiedosa das pessoas muito certinhas.
Não, não permitirei amizades “políciáveis” e interesseiras.
Confesso que já vi mais exemplos de humanidade fora da igreja do que dentro dela.

Não facilitarei diante daqueles que querem perder a minha alma, lembrando-me do salmo 1:

“Feliz o homem que não procede conforme o conselho dos ímpios, que não trilha o caminho dos pecadores, nem se assenta entre os escarnecedores.”

Quero ser livre para pensar e não escandalizar.
Quero saber sonhar e não constranger, rir e não decepcionar, chorar e não entristecer.

Não quero ser falso.
Não desejo mostrar minha vida e minha história através de fotografias, em que todos posam sorrindo. Fotos enganam, prefiro ser real.

Quero viver sem discursos espiritualizados.
Deus sabe o tanto que tenho me esforçado para tornar meus discursos aplicáveis às circunstâncias da vida comum.

Não quero pregar verdades só para os outros ouvirem...
Ou fazer das celebrações momentos de sentimentalismo fugaz sem compromisso ético de transformação das pessoas para com a história.

Não tolero mais ambientes religiosos emocionantes, restritos a momentos esporádicos.
Não quero voltar para casa em paz e, cinicamente, saber que os que me ouviram voltarão para casa do mesmo jeito. Chega de sermões cansativos e piegas, que não significam nada para as pessoas.

Quero viver sem a obrigatoriedade de manter-me sempre coerente...
E acima de tudo, correto em minhas inquietações existenciais, filosóficas ou espirituais. Quero continuar minhas leituras, meus questionamentos: são eles que me fazem mais crítico e atento aos problemas reais das pessoas.

Não quero me conformar às expectativas das pessoas.
Não temerei os ataques dos mais ortodoxos na doutrina, das pessoas que conhecem a Igreja á mais tempo, mas que são indiferentes ao sofrimento do andarilho e do peregrino que bate a minha porta lascado.

"Entendo o cristianismo como uma religião profundamente ética e transformadora de um mundo possível. E é por este tipo de fé que dou minha vida".

Lembro-me que quando Jesus passou por aqui ele não veio nos ensinar a irmos para o céu, mas nos ensinar a viver aqui na terra, como antecipação da glória futura. E é por isso que hoje luto.

Prefiro caminhar ao lado de pecadores...
ao lado de quem está á margem, a compactuar com o ambiente asfixiante dos fundamentalistas, onde as opiniões são tão fortes que não se toleram contradições. Seja dentro da política ou da religião.

Quero viver sem medo de rótulos e de críticas.
Sei que o coração humano é perverso.
Sei que a mesma mão que afaga é aquela que amanhã te apedreja.
Sei que o mesmo povo que aplaudiu a Jesus na entrada de Jerusalém foi o povo que gritou aos pés da cruz: crucifica-o. Já passei por esse sentimento na pele.
Por isso, não viverei a ilusão mirabolante de cativar multidões (por mais que isso possa parecer real).

Confesso: Não lido bem com o “grande público”.
Quando passo pela rua, por vezes, me sinto "cabisbaixo".
Prefiro o anonimato e a proximidade dos que conheço a estar debaixo das luzes e dos aplausos excessivos.
Agradeço o carinho dos que em querem bem, mas não é isto que busco.

Quero viver parecido com Jesus, meu grande mestre.
Ele foi livre, teve um coração leve, homem de uma alma íntegra, pessoa descompromissada com os poderosos do mundo e amigo dos marginalizados.

Quero seguir seus passos, ainda que incoerente, vacilante e insensato.
Quero sempre amar minha Igreja, dar a vida por ela e através dela, amar e honrar o meu Bom Deus e ajudar as pessoas.

Quero manter a bondade em meu coração.
Sei que essa aventura de tornar realidade o que quero viver me consumirá pelo resto de minha vida, mas é hoje o que quero.

Ajuda-me Senhor. Amém.
Salamaleiko.
Frei Eduardo F. Melo
São Gonçalo - RJ.
16 de agosto - 2010.

3 comentários:

  1. Parafraseando e adaptando um poeta:

    "Como sabes parar o mundo em letras tão suaves?
    Indagou a menina.
    Ele respondeu: Somente escrevo."


    Coisa 'mar linda' né?! rsrsrsrs.
    Over the hills and far away!

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  2. nossa! cada vez que venho aqui me surpreendo e aprendo cada vez mais..pode ter certeza Freei, que voce transforma sim nossa historia, nossa vida, e pra muuito melhor! ha sempreaquilo que saem da casa do Pai da mesma forma que entrou mas isso nao é nada perante as grandes transformações que Voce ja fez por aqui e faz a cada celebração...praa mim é uma fonte de renovação sabe, revejo varios conceitos..
    é SEMPRE muiito bom passar por aqui..é uma leitura que faz bem ao coração..
    um abraço e um beijo com carinho...
    tu é a pessoa com o coração mais lindo que ja vi...
    A Paz..

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  3. Ohnnnn! Sempre belas palavras... ;)

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