É curioso como, com o passar dos anos nossos valores vão mudando.
Confesso que algumas conquistas que eu esperava e certas pessoas que antes me impressionavam, hoje para mim, perderam seu encanto.
Estou fechando algumas portas para as minhas euforias juvenis...
Hoje, ainda sem ser velho, já consigo sentir as nuâncias de minha cosmovisão.
Confesso inclusive que perdi a vontade de ter a última palavra sobre qualquer assunto e não me empolgo com debates que só me trazem uma falsa sensação de eloqüência.
Hoje, sempre que me vejo em alguma disputa por algum assunto lembro-me do provérbio de Mateus: “não brigueis com que é malvado”. (Mt 5, 39)
Caminho cada vez mais consciente, que muito dos meus Esforços foram vaidade destilada em meu coração ...
Olho para trás e percebo que não foi de minhas poucas conquistas ou dos reconhecimentos humanos, que obtive meus melhores contentamentos.
Percebo que minhas maiores alegrias vieram do amor de minha família e de alguns poucos amigos verdadeiros, gente que não temia partilhar o mesmo jugo que eu.
Assim venho fazendo alguns ajustes.
Redirecionei minha leitura bíblica.
Mais do que saber os detalhes da Bíblia, só quero que a Palavra me leve a uma relação mais íntima com Deus.
Estou relendo os textos da Bíblia e procurando o coração paterno de Deus.
Quero dialogar com pessoas que tratam a Espiritualidade como respiração necessária.
Venho recompondo minha vida devocional.
Aprendo que a oração contemplativa é respiração da alma.
Aprendo que a oração contemplativa é respiração da alma.
Decidi neste segundo semestre re-ler alguns clássicos da literatura cristã...
“A Imitação de Cristo” de Tomás de Kempis..
“A Volta do Filho Pródigo” de Henry Nowen..
"A Montanha dos Sete Patamares” de Thomas Merton...
“Uma Terapia para a pessoa humana”, do Ricardo Peter.
"Cristianismo Puro e Simples", do C.S. Lewis.
Estes e outros autores se tornaram para mim novos mentores nessa busca interior.
Talvez, a maior descoberta que faço, nesse tempo que antecede a virada do ano é que minha maior vocação é tornar-me mais humano.
Desejo aprender a ser generoso e sereno.
Almejo rir, quero amar coisas simples e contemplar mais a natureza.
Prometi pra mim mesmo:andarei mais devagar.
Com lenine quero cantar: eu sou aquele navio no mar, sem rumo sem dono, desejo flutuar nas aguas do abandono.
Quero ler mais poemas...
Ouvir a melhor música...
Quer andar pelos bosques ouvindo o som dos pássaros.
Quero continuar a tocar meu pandeiro fazendo batucadas em meu quarto.
Preciso ser mais empático com o pobre, acolher o perdido e dar minha mão para o abandonado.
Nessa jornada espiritual, perdi o medo de mostrar minha vulnerabilidade.
Já temi ser censurado por algumas pessoas por causa de minha fragilidade.
Tentei, muitas vezes, impressionar as pessoas com discursos valentes, quando, inseguro, pedia que Deus segurasse minha mão.
Assim, descanso.
Sinto-me livre para afirmar que ainda estou em construção.
Sou um projeto inacabado e não escamotearei minhas ambigüidades.
Agora, quando me sentir cansado, terei liberdade de desabafar com o meu bom e amado Jesus.
Quando precisar lamentar, lamentarei, igual a ele, quando, triste e angustiado, disse: “A minha alma está cheia de tristeza até a morte”.
Quando tiver vontade de rir, rirei e dançarei de alegria.
Hoje, já não me importo de não parecer tão forte.
Busco não me engessar e perder a leveza de minha alma.
Quero seguir o exemplo de Jesus que, em nome da vida, não temeu contradizer as rígidas normas religiosas, que não respeitou os preconceitos sociais, quando conversou com prostitutas e acolheu cobradores de impostos...
Permanecerei alerta para não me tornar um dogmático intolerante e cego em minhas convicções.
Anseio por uma humanidade não fingida.
Lerei a Bíblia também contra mim.
Permitirei que, como espada, ela penetre no mais profundo de meu ser, discernindo, inclusive, as intenções nebulosas de meu coração.
Atenderei a admoestação do profeta Miquéias (6.8):
“Ele mostrou a você, ó homem, o que é bom e o que o Senhor exige: pratique a justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com o seu Deus”.
Acredito que vem dele a minha teimosia de acreditar que não precisamos esperar morrer para começar a viver.
E como passamos rapidamente, sugiro que comecemos já.
Essa é a questão.
Frei Eduardo F. Melo
Rio de janeiro - 14 de dezembro / 2009.
Festa de são João da Cruz.
Ei Freii! Aff estou em falta com vc, nem comento mais aqui neh?? =P
ResponderExcluirMas... como sempre, lindo o texto! Aiai, lindíssimas palavras! ;)
Ja leu o livro "A cabana"? Nossa...muito bom o livro... fala sobre Deus e tals, mas eh tudo no meio de uma historia de um crime q acontece. Achei bem legal.
Ah, e queria dizer q eu adoro sua explicação do evangelho viu, suas palestras, vc eh mto inteligente, e nunca se importe com o q as pessoas falam. Falam demais as vezes...
Abraçoo, a paz!! ;)
Frei Eduardo,
ResponderExcluirAtualizei minha leitura no seu blog, tava em falta contigo. Aliás, belíssima reflexão. Também estou mudando coisas na minha vida buscando valores que me fazem crescer.
Saudades!!
Paz e bem pra você também!!!! hehehehehe
Concordo com a Luciana , as pessoa falam demais, e nunca vamos conseguir agradar a todos, por isso é que primeiro temos de agradar a nós mesmos e a Deus. Contudo senti na celebração um frei mais na paz, sereno e sábio. Abraço.
ResponderExcluiramigO...
ResponderExcluirlinda sua reflexao...como smepre ne?!
ainda sobre os comentarios acima, ainda bem que vc nao se importa com o que os ouitros diraO..porque se ligasse aiai...certamente quem sem doe nas suas reflexoes quem nao gosta é porque em algo que ouviu de ti a carapuça srviu ne?! rsrsrs
mas vida que segue...
abraçaO e beijao no ♥
prometo passar mais vezes por aki ;)