domingo, 6 de janeiro de 2013

Meus Fracassos.




Confesso que o ano de 2012, para mim, não foi dos melhores.
Chego ao final de mais uma jornada cansado!
Entre vitórias e fracassos, concordo que ainda preciso acertar algumas engrenagens de minha máquina, chamada "Vida".
 
Apesar de minha alegria, disfarço e carrego tristezas bem guardadas.
Preciso de tempo. Preciso que o mundo pare.
Preciso de um ar mais puro para exorcizar sentimentos "desajeitados".
Apesar do realismo narrativo, confesso: não estou desesperado!

 "Sei como o poeta do livro de Provérbios, que a vida dá voltas, e que o mesmo Sol que derrete o gelo é aquele que enrijece o barro."  

De fato, viver sábiamente não é tarefa para amadores. 
Um dia, certa pessoa me disse: Eduardo, voce perde o céu pelas menores "besteiras"!
Reconheço minhas inabilidades.
Tenho noção do tamanho de minhas misérias.
Não as nego. Trato-as com respeito por serem "feridas".

A regularidade da vida requer realismo.
Para tanto, decidi compôr uma espécie de "código" para minha prática de fé e vida neste ano que se inicia.
Em poucos parágrafos, resumirei o que tanto precisei, mas que por inabilidade minha, não consegui viver neste ano que passou.


Terei mais cuidado com as palavras. 
Assim como o apóstolo Tiago afirmou: "que o homem é perfeito se não erra pela palavra", (Tg 3,2), assim terei mais cuidado ao falar.

Em minhas pregações, terei mais cuidado com minhas análises existenciais.
Desejo estudar e pensar bem, antes de pregar.
Não dispararei conceitos sem considerar quem me ouvirá.
Preciso concentrar minhas idéias na pregação da mensagem de Cristo, e na iluminação que a verdade cristã pode nos trazer diante dos desafios deste "século".

Não me gabarei de ter acordado com saúde ou em "paz com a vida".
Perguntarei o quê meus momentos de "gratidão" poderá significar para a família que sofre com a chegada do cancêr ou para a mãe que cuida do filho tetraplégico.

Não defenderei verdades livres, só por admirá-las.
Desejo proteger e elogiar quem promove a Vida, considera o perdão como dom e espalha o bem. Por isso, também me afastarei de pessoas ranzinzas, carreiristas, egoístas e interesseiras.
Seguirei com  paciência o versículo da Bíblia:

"Não brigueis com quem é malvado".

Terei mais cuidado com meus comportamentos. 

Reconheço meu temperamento irascivo e estou motivado a tratar de minhas mazelas com a serenidade da mãe que cuida pacientemente do filho.

Não entrarei em debates pessoais motivados por disputas religiosas.
Sei que "muitas verdades" defendidas (por algumas pessoas) não são mais que fanatismo disfarçado e necessidade de provar pra si, o que pregam aos outros.

"Não há intolerância religiosa, instransigência ideológica ou proselitismo que não revelem o fundo passageiro e razo do entusiasmo". (Emil Cioran)

Quero ter mais tempo para as pessoas e desejo viver uma espiritualidade suave. 
Por isso, não cumprirei roteiros alheios.
Quero sentir a alegria de arrepiar minha pele com o afeto gratuito da gente simples. 
Sorrir diante do olhar da criança que se surpreendeu com minha presença. 
Gosto do afago sincero daqueles que me abraçam antes das missas confessando que estavam com "saudade". 

Suspiro por uma espiritualidade sem fronteiras.
Há algum tempo exorcizei o medo de me preocupar com reputação. 
Desejo não perder meu valioso tempo com explicações sem sentido. 
Sei que não vale a pena imitar quem considero mais bem sucedido.
Já decidi: prefiro ser um caderno cheio de rabiscos mal corrigidos a me gabar de titulos acadêmicos. 

De nada valerá meus diplomas e currículos se não exalar de minha vida o bom perfume de Cristo. De que adianta nossos curriculos, nossa reputação e nossas glórias humanas, "minha gente", se o carpinteiro da Galiléia não está sendo percebido em nossas ações e olhar?

Sabiamente o Papa Joao Paulo II, a este respeito, afirmou:
"A geração de hoje não escuta nem lê os sábios do passado. 
Esta geração prefere seguir as testemunhas vivas de hoje".  


PARTE II - NOVAS METAS

Em relação à Intelectualidade... 
Não permitirirei que minhas convicções se tornem por demais exigentes. 
Sem perceber, já passei "por cima" de outras pessoas em nome de minhas "verdades." 
A elas, sei que devo o meu pedido de perdão.
Também já vi nos corredores da vida, gente sendo atropelada e mal interpretada por dogmatismos e verdades mal arranjadas. 

Não deixarei me afugentar pela idéia de uma falsa "lucidez". 
Cantarei mesmo desafinando e darei de ombros se me chamarem de "biruta".
A histórica conta que os "grandes" músicos começaram dando "vexames" na exucação de suas técnicas musicais. (risos) 

Falarei sozinho. 
Gosto de conversar com as árvores.
Gosto de caminhar sozinho por estradas do interior.
Gosto de olhar as pessoa mais velhas sentadas nos bancos da praça a contemplar o inaudível.
Não terei vergonha de brigar comigo mesmo diante do espelho.
Apontarei o dedo, e quando precisar, direi: “Eduardo, como você é ridículo!”.

Terei mais cuidado com minhas companhias.

Como o escritor do Eclesiastes, terei mais paciência para aceitar a realidade de cada momento. Não me inquietarei com os silêncios divinos. Sei que a purificação de meus dias só acontecerá no viés deste caminho.
 
"Porque há um tempo para cada coisa que acontece debaixo do sol. Tempo de abraçar e tempo de apartar. Tempo de chegar e tempo de partir. Tempo para plantar e tempo para colher. Tempo de chorar e tempo para sorrir". (Eclesiastes 3)

Guardarei mais o silêncio de meu quarto.
Sei que as vezes é bom a gente se exilar do nosso castelo, ficar quietinho e descansar. 
Sei também que as vezes é bom a gente ir ao encontro de quem aprendeu a voar, com a elegância das aves que fogem do inverno.
Quero ser parceiro de quem não esconde a lágrima na hora da emoção.

"Gosto do convívio de gente que saiu em busca de si, porque sei que essas pessoas podem me ajudar a encontrar a pessoa que um dia eu fui." 

Preciso aprender a não me blindar contra o medíocre.
As vezes faz bem acolher quem nos feriu, com um aperto de mão sincero. 
Descer ao fosso onde jaz a tristeza e pedir a Deus, luz para colorir nossa fugaz existência.
Terei mais cuidado com meus sentimentos. 
Preciso ter a coragem de viver sem apoios, sem ser auto-sufuciente. 
Não temer a insegurança do futuro duvidoso e buscar ajuda em quem tem a capacidade humana para isso. 

Sei da minha necessidade de sobrepôr pontes e ir além.
Por isso, não me fecharei no casulo da insegurança, só por medo de arriscar.
O cauteloso acaba se travando existencialmente. 
Vidas bem pautadas são, as vezes, exemplos de pusilanimidade. 

Quero comer fruta de árvore, sem lavar.
Dançar bolero e baião.
Fotografar as cenas da seca no sertão.
Quero aprender a pular carnaval de rua.
Comprar pastel e acarajé de feira-livre.
Andarei mais de trem e de ônibus lotado, só pra ouvir o "cochicho" do povo.

Terei mais cuidado com o tempo. 
Gostaria de me tornar, sábio e livremente, um colecionador de momentos. 
O tempo passa como uma enxurrada, leva tudo e todos, mas não destrói o que a “alma provou e aprovou”.  (Eclesiastes)

Certa vez li que a nossa mente só guarda o que nos traz alegria...
Portanto, decidi: quero aprender a transformar meus espaços em catedrais, meus dias em sábados, os encontros com amigos em alianças, e minhas preces, em sincera poesia com meu Deus.
Todos sabemos, a vida é frágil e fácil o caminho para a infelicidade. 
Portanto, neste novo ano, prometo: terei mais cuidado.



Salamaleiko.

2 comentários:

  1. Querido Frei Eduardo,

    quanta saudades de voce.
    Que texto mais maravilhoso, Du! Suas palavras conseguiram exporessar, pra mim mesma, uma porcao de sentimentos com os quais venho debatendo ha um tempo.
    Eu precisava ler algo assim.
    Que Deus e Nossa Senhora dos Anjos continuem lhe abencoando hoje e sempre.
    Grande beijo neste seu coracao enorme,
    Luana

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  2. Frei Eduardo,
    embora esteja em Niterói e você em Petrópolis, cada vez que venho aqui, a distância diminui e aumenta a admiração, irmão. Abraços.

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