quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Insights sobre a Predestinação - parte I



Recentemente fui convidado a falar sobre o tema da Liberdade.
Depois de algumas pesquisas em literatura relativa ao assunto, inicío este texto tomando duas citações de autores contemporãneos no que diz respeito ao Conceito de Liberdade.

“Somos, pois criaturas nutridas de liberdade há muito tempo, com disposições de cantá-la, amá-la, combater e certamente morrer por ela”.
Luis F. Veríssimo.

"Ser livre é ir mais além: é buscar outro espaço, outras dimensões, é ampliar a órbita da vida. É não estar, nem querer viver acorrentado.”.
Cecília Meireles.

Pensamos, sentimos e fazemos escolhas como resultado de nossas vontades.
Na perspectiva da fé cristã, recebemos a liberdade como opção soberana de Deus: 
Ele nos criou Livres para estabelecermos relacionamentos.

O Escritor Inglês C. S. Lewis fez uma pergunta intrigante em seu livro “Cristianismo Puro e Simples:
“Por que Deus concedeu ao homem o livre-arbítrio, sabendo de antemão, que isso lhe acarretaria em mal?”
Porque o livre arbítrio, apesar de tornar o mal possível, é também a única coisa que faz com que todo amor, bondade ou alegria valham a pena. 
Um mundo de autômatos, de criaturas que trabalhassem como máquinas, não valeria a pena ser criado. Mas para que isso aconteça, as criaturas têm que ser livres”. (pg. 81).

O Novo Testamento faz três declarações absolutas sobre Deus.
Deus é espírito (João 4.24)
Deus é luz (1João 1.5)
Deus é amor (1João 4.8)

Essas três afirmações combinadas entre si, significam mais: Deus é santo.
Porém, cada uma reflete a maneira como ele se revela aos seres humanos.
Quando afirmamos que Deus é espírito, sabemos algo sobre seu ser.
Quando dizemos que Ele é luz, sabemos sobre a integridade de seu caráter.
Quando falamos que Ele é amor, conhecemos o jeito como Ele deseja relacionar-se com os seus filhos.

Se não podemos conter o conhecimento de Deus dentro de categorias racionais..
contudo, temos revelação espiritual suficiente para compreender como ele se relaciona com a humanidade. 
E se Deus quer estabelecer relacionamentos genuínos (nunca fictícios nem falsos), é necessário que as pessoas sejam livres, pois só assim podem entrar em uma verdadeira interação com a divindade.

"A Virtude só será verdadeiramente um ato nobre, quando se constituir numa escolha livre, em contraposição ao mal".
Aristóteles.

Segundo  Aristóteles, o estudo das escolhas humanas...
é fundamental na determinação do caráter, pois as escolhas do homem só podem ser consideradas virtuosas, quando do outro lado, há verdadeira liberdade de opção.
Se não há verdadeira liberdade nas escolhas, ninguém pode ser responsabilizado por seus atos – nem criticado ou elogiado. 

Então o que dizer da pré-destinação?
Torna-se injulgável, qualquer pessoa que age impulsionada por uma força mais forte do que ela mesma.
Domínio de si requer tempo e autonomia.
Quem está escravizado precisa de ajuda, nunca de condenação.
Sem consciência do que faz, sem um mínimo de controle sobre sua capacidade de responder afirmativa ou negativamente, não há mérito ou dolo.

Devido a esse conceito, um outro escritor, chamado Charles Finney disse o seguinte:
Um ser moral é alguém que possui atividade moral: 
* Atributos de intelecto (incluindo razão, consciência e autoconsciência), 
* Sensibilidade (a faculdade de sentir toda sensação, desejo, emoção, paixão, dor ou prazer), * E livre arbítrio (o poder de escolher ou recusar-se a escolher, em qualquer circunstância, com um obrigação moral).

O que tradicionalmente chamamos de livre-arbítrio...
é o poder de originar e fazer nossas próprias escolhas e de exercermos nossa soberania, em todas as circunstâncias de escolha sobre questões morais, de optar em conformidade com o dever, ou com a nossa consciencia.

Por sermos muito parecidos com Deus nessa capacidade de criar escolhas...
a questão da liberdade e da moralidade se torna um estudo muito importante. 
Deus confiou a nós uma dádiva muito significativa: somos genuinamente capazes de afetar o universo, as pessoas e tudo ao nosso redor.

Assim, a favela não foi intencionada e nem fazia parte das intenções criativas de Deus.
A miséria não é apenas um acidente, uma aberração. 
Ela também pode ser fruto de um sistema injusto.
A destruição ecológica não foi prevista no planejamento pré-histórico.
Armas de destruição em massa não cumprem um papel escatológico antecipado.
Acidentes e tragédias naturais não podem ser contadas como expressão de um plano divino.
Tudo que é contra a vida, é desvio!

Podemos afirmar que ao conceder o mandato cultural de cuidar e regar "o jardim", a casa comum de todos os seres, Deus convocou a humanidade para que se unisse a Ele na construção da História.

Assim como no princípio Deus fora o “Deus creator”...
mulheres e homens foram convidados a continuar criando como “homo faber”.  
Portanto, admitir que não há liberdade na vida é admitir uma história escrita e determinada sem participação humana.

Aceitar que a humanidade apenas colhe os efeitos do pecado original...
ou de uma outra vida passada, e que não pode responder à graça divina para ser cooperadora com Deus na construção da história, é sucumbir a um determinismo asfixiante.

Cada um tem o privilégio e a responsabilidade de ser artesão de um novo amanhã.
Não desperdicemos o tempo.
Ele é raro e tem um alto preço.


Vamos começar a trabalhar?

Salamaleiko.

Um comentário:

  1. Obrigado Frei por esta reflexão, me fez ver além de onde ainda não tinha ido. obrigado por ter me dado as chaves que abriram mais um cadeado das correntes que ainda me prendem...

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