segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Novos Insights sobre a Pós-modernidade (parte 1).



REFLEXÕES SOBRE A PÓS MODERNIDADE

Comumente se diz que a pós-modernidade é o nome aplicado ás mudanças históricas ocorridas nas ciências, nas artes, e nas sociedades avançadas a partir da década de 1950, quando por convenção, encerra-se a Modernidade.

Na Idade Moderna os teóricos de plantão gritavam “Deus está morto”. Hoje, mesmo os mais puros “agnósticos” aceitam a valiosa contribuição da idéia da existência de Deus para o rumo da vida humana.

Os Filósofos Iluministas afirmavam que a Humanidade só faria grandes progressos quando a razão e o conhecimento se difundissem entre todos. Em pouco tempo, acreditavam que a irracionalidade e a ignorância desapareciam da face da terra, e assim surgiria uma nova humanidade "iluminada e esclarecida”. Tal pensamento dominou a Europa Ocidental até poucas décadas.

Em linhas gerais, podemos afirmar que a Pós-Modernidade possui algumas características peculiares:

1-  A Pós-modernidade esvaziou a validade da religião formal, mas não conseguiu matar a sede de espiritualidade nas pessoas.
Consciente de que não há "céu nem Deus", o homem pós-moderno não entende porque não consegue erradicar o “vazio” de sua alma.
Novamente volta-se ao passado questionando se não perdeu alguma coisa importante ao varrer para debaixo do tapete a espiritualidade como conceito de vida.

2- A Pós-modernidade prega ao Indivíduo a necessidade de se estabelecer uma dicotomia entre vida pública e vida privada.
O Homem pós-moderno vive na emergência e na exaltação de uma cultura narcisista.
Neste tempo a cartilha dita que a auto-imagem projetada conta mais que a honestidade, as habilidades e o caráter adquirido.
Na pós-modernidade ensina-se que vale mais “dar certo” do que “estar certo”.

3- Na Pós-modernidade, a religião deixa de ser uma dimensão pública da vida e passa se restringir á esfera da vida privada.
As pessoas querem optar pelas suas preferências religiosas sem serem importunadas por opiniões contrárias.
Semelhantemente, não tentarão impor sua nova opção de fé a ninguém, como se tivessem escolhido um “sabonete” (Os critérios da religião passam a ser interpretados como íntimos e subjetivos). Assim na postura religiosa da pós-modernidade cada um na sua, e nada de se falar sobre comportamentos éticos, sexuais ou religiosos.

4-  Na Pós-modernidade a Igreja passa a ser uma Instituição a mais entre outras, e o tema da religião obrigatoriamente, fica restrito a questões de culto, sacramentos e vida pós-morte.
Na sociedade secularizada a religião perdeu o centro da sociedade.
Se até o Período da Idade Moderna a religião legitimava as diversas opiniões e as atividades públicas, agora sua tarefa se restringe ao templo e às sacristias.
E coitado do ministro de culto que falar como devem se comportar os “novos indivíduos”...

5- Na Pós-modernidade revigora-se o anarquismo ético.
Neste novo tempo, o individuo deve rechaçar todas as referências éticas externas. Ensina-se que ele tem o “direito” de fazer o que bem entende, mesmo que suas decisões contrariem os padrões éticos de comportamento conforme o direito civil.
Na intimidade do seu próprio eu, a pessoa pode escolher o que bem entender, e ninguém têm o direito ou o parâmetro certo para julgar a validez das suas decisões. 

6- Na pós-modernidade evoca-se a incompatibilidade entre o caráter ético das decisões internas e a liberdade de arbítrio no campo das decisões coletivas.
Para o indivíduo pós-moderno algumas dimensões da vida podem permanecer no setor púbico, tais como o exercício da política, as ciências, as pesquisas e os negócios. Tudo o mais é jogado para o domínio absoluto da privacidade.
Assim, atualmente as opções sexuais nãos se constituem mais em uma "questão ética", mas numa questão de preferência, inclusive na cabeça de muitos cristãos.

“Advogando o direito de resguardar o espaço de cada um, a Pós-Modernidade gerou pessoas eticamente desobrigadas inconscientes, criando o caos moral em que não se encontra mais uma âncora para se avaliar as escolhas. O aborto, só para citar um exemplo, resume-se numa questão em que o direito de preservar a “liberdade de escolha” supera o direito à “vida”.

7- Na Pós-modernidade, com a privatização da personalidade e do caráter, a vida ficou dividida em diversos compartimentos.
Nos momentos públicos o individuo deve mostrar-se sombranceiro e forte, galanteador e romântico, sério e respeitável. Nos momentos privados, o homem não deve permitir que ninguém entre no seu mundo solitário.

“O cidadão moderno, o cidadão do mundo, aprendeu a banir para debaixo do tapete todos os referenciais éticos e religiosos, mesmo que ele se diga “religioso". Por isso ele é solitário, incontrolável, caótico, insubmisso. Numa palavra é órfão. Seus valores são quase incomunicáveis, sua ética é a da sobrevivência e do epicurismo: o máximo prazer com o mínimo de sacrifício”.

8- Na Pós-modernidade a cosmovisão religiosa não pode ser imposta, ela participa da sociedade como mais uma opção entre outras.
Todas as visões da realidade são verdadeiras, desde que nenhuma se imponha sobre a outra. Assim, impera nos corações a indecisão e a dúvida.
Na ambiguidade pós-moderna, ninguém sabe o suficiente e ninguém deve ter certeza absoluta do que se crê para não se tornar um dogmático. Assim, aumenta o número de indecisos e descompromissados e impera, mesmo dentro do cristianismo, o surgimento dos agnósticos e indiferentes.  

RESUMINDO:

A Pós-modernidade prometeu liberdade, contudo, homens e mulheres que creram nessa promessa encontram-se presos na maior das escravidões: a solidão.

"As pessoas hoje se sentem alienadas e solitárias mesmo quando rodeadas por outras. Atravessam a vida como se atravessa uma rodoviária lotada de gente. Todas em um mesmo lugar, mas dirigindo-se a destinos diferentes."

A Pós-modernidade gerou também homens e mulheres fragmentados, porque os ensina a colocar diferentes máscaras, dependendo da esfera em que estiverem.
Dessa forma, a Igreja vai se transformando de forma lenta em um lugar onde os princípios importantes são proclamados do púlpito mas não encontram "consistência" na vida real das pessoas.

"Elas não querem ser cobradas, passam a semana obrigadas a decidir sobre tudo e sentam-se nos bancos das nossas Igrejas dominicalmente esperando uma mensagem que alivie suas preoucupações mais reais."

continua em breve...

Frei Eduardo F. Melo
Santa Teresa - ES
15 de Novembro - 2010

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