terça-feira, 21 de setembro de 2010

Chá com Filosofia - Insights sobre a Inveja.



Sempre quis escrever um texto sobre a Inveja.
Tema recorrente nas aulas de moral das universidades, a origem latina da palavra INVEJA é "invidere" que significa "não ver".
Com o tempo essa definição foi perdendo o sentido e começado a ser usado ao lado da palavra cobiça, que culminou, então, no sentido que temos hoje.
Recentemente consegui comprar pela internet a Obra do escritor e médico psiquiatra argentino José Ingenieros.
Segue abaixo alguns insights que fiz questão de retirar, ao ler o Livro.

Ingenieros descreve com plena maturidade as características dos invejosos.
Assim afirma:

O covarde entre todos os envenenadores, está seguro de sua impunidade, por isso é desprezível. Não afirma, senão insinua.Chega a desmentir imputações que ninguém faz, contando com a irresponsabilidade de fazê-las nesta forma."

O invejoso mente com espontaneidade, da mesma forma que respira.
Sabe selecionar o que converge à detração.
Diz distraidamente todo o mal de que não está seguro e cala com prudência o bem do qual tem certeza.

Segundo o autor, A inveja é a tristeza com o bem do outro.
Nasce quando a excelência alheia é compreendida como diminuição do seu próprio valor.
A inveja foi classificada como um dos pecados capitais pela igreja ainda no século IV, mas já constava na narrativa do Gênesis.
Ela motivou o primeiro assassinato: Caim matou Abel porque não tolerou que o favor divino repousasse sobre a oferenda do irmão.
Consta nas tábuas dos dez mandamentos que não se deve cobiçar nada do próximo.

Ele declara em seu livro que “a inveja é uma adoração dos homens pelas sombras, do mérito pela mediocridade. "
A Inveja é a tristeza na face sonoramente esbofeteada pela glória alheia.
É o grilhão que arrasta os fracassados.
É a amargura que toma conta do paladar dos impotentes.

"A Inveja é um venenoso humor que emana das feridas abertas pelo desengano da insignificância própria. "

Mesmo não querendo, certas pessoas padecem desse mal, cedo ou tarde
Os que vivem escravos da vaidade, dá inércia e da falta de amor próprio. 
Envergonhados de sua própria tristeza, sem suspeitar que seu olhar envolve uma consagração inequívoca do mérito alheio.
A inextinguível hostilidade dos néscios foi sempre o pedestal de um monumento, já dizia um famoso adágio latino.

Santo Tomás de Aquino dizia que a inveja é pecado mortal (portanto, imperdoável), com inúmeras filhas: “murmuração, detração, ódio, exultação pela adversidade, aflição pela prosperidade”.

Segundo o psiquiatra, a inveja é pior do que o ódio.
Porque o ódio não se contem, e devido a sua fúria, sempre age.
A inveja por sua vez, cala. Covarde, procura sombras.
Para semear suspeitas, precisa do cobertor da noite.

O invejoso rasteja para não mostrar-se consciente de sua pequenez.
Dentro de uma tumba mal iluminada, gera a dúvida.
Contenta-se com a desconfiança.
Ingeniero afirma que o invejoso “sem coragem para ser assassino, resigna-se a ser vil”.

Ele termina dizendo que toda a psicologia da inveja está sintetizada em uma fábula, digna de incluir-se nos livros de literatura infantil.

Um ventrudo sapo grasnava em seu pântano quando viu resplandecer no mais alto de uma pedra um vaga-lume.
Pensou que nenhum ser teria direito de luzir qualidades que ele mesmo não possuiria jamais. Mortificado pela sua própria impotência, saltou em direção a ele e o encobriu com seu ventre gelado.
O inocente vaga-lume ousou perguntar ao seu algoz:
- Por que me tapas?
E o sapo, congestionado pela inveja, apenas conseguiu interrogá-lo:
- Por que brilhas?”.

Frei Eduardo F. Melo
Santa Teresa - ES.
21 de setembro- 2010.

Um comentário:

  1. A inveja é um dos sentimentos mais torpes da alma humana. Imagino que ela faça mal a própria pessoa que a tem.

    Beijos!!!

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