segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Memórias e Crônicas - história da alma.



 
Era um retiro de carnaval em 1994.
Estávamos todos unidos em oração. Eu voltando para a Igreja, de novo, aceitava que Deus teria um projeto maior para minha vida.
Mal pude acreditar que naquele dia em que me converti, alguém tão simples pudesse ser tão ungido em sua forma de pregar a palavra de Jesus.

Aprendi , tardiamente, a nunca subestimar ninguém.
Sei o quanto que a "Graça", conceito tão caro ao Cristianismo, pode realizar em vidas a serem transormadas.
Irmãos oravam sobre mim. Eles falavam línguas estranhas.
A música soava forte em meu peito. Dizia que Jesus viria passear em nossas vidas, e que íriamos a lugares em que nunca ficamos sós.
Tomado por uma sonolência estranha, cai ao chão.
Segundo as informações, eu estava sendo batizado no Espírito Santo.
De lá pra cá, já se foram 16 anos.

Nesses anos passados...
percebi que por diversas vezes, acreditei mais na eficácia de meus raciocínios e palavras, que na força que vinha, sublimemente do Alto.
Aceitei um dia que minhas palavras deveriam destilar muito mais a suavidade do Deus que nos quer bem, que a "radicalidade do Deus justo" da Bíblia.
Refiz meus projetos e redimensionei minhas leituras.
Desejava auscultar das sagradas Escrituras a imagem mais próxima do Deus que tanto me amou.
Cheguei a afirmar que mudaria os conteúdos de minha fala.
Desanimado, afirmo: não consigo.

Tenho olhos bem abertos e sem pessimismo posso dizer:
A nova geração dos cristãos vive num estado de tremenda "Tibieza" na Fé.
Vejo alguns católicos espalhados pelo mundo que querem continuar cegos.
Teimam em não aceitar os valores e os fundamentos da moral cristã.
Assistem tácitamente às celebrações e sem o mínino esforço, querem apenas que a religião satisfaça seus caprichos e vontades.
Falta envolvimento com a Missão.
Falta comprometimento com o Evangelho.
Falta amor ao Reino e busca de santidade.
Falta entrega silenciosa.
Falta temor a Deus e respeito pelo mais Sagrado: a Eucaristia.

Vivemos um periodo da história...
onde muitos católicos substituíram o compromisso de santidade advindo da Eucaristia por uma insuficiente e raza religiosidade, onde terços, imagens e santinhos não são capazes de mover o coração da pessoa para a conversão do coração e da mente.

Por conta dessa inquietação, retomo minha sina.
Não terei medo de pregar o que os textos da Escrituras me inspirarem a denunciar.
Quero hoje, mais do nunca, estar em lugares e junto de pessoas que saibam celebrar a graça da amizade, sem hipocrisias e futilidades.
Não darei tempo para que meus opositores ganhem minh’alma com seus venenos mortíferos.

Minha vida de oração ganhou um tom diferente.
Celebro a gratudidade do Deus da bíblia que me quer bem, independente do que faça para agradá-lo.
Finalmente estou entendendo que “no silêncio e na quietude” encontrarei salvação.
Aprendi o sentido do Salmo 46:10: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”.
Quero participar da roda de amigos e de pessoas, sem as afetações próprias daqueles que se bastam a si mesmos.
Quero estar ao lado de gente humilde, onde os sorrisos sejam gratos e os abraços, sinceros.

Com o salmista davi, detestarei a presença do sórdido e do enganador, lembrando-me que:

"Feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios e  nem se assenta na roda dos escarnecedores". (Salmo 1, 2)

O caminhar de Jesus não combina com lugares e pessoas gananciosas e hípócritas.
Estou cada vez mais convencido que viver os valores do reino prescinde da fama e das glórias deste mundo.
Não sobrevivo as custas da aceitação dos poderosos deste mundo.
Falarei, mesmo que sofrendo afrontas, daquilo que "eles" não querem escutar.

Lembrarei do que disse o profeta Ezequiel a respeito dos ingratos e duros de coração:

"Eles têm olhos para ver e não vêem, tem ouvidos para ouvir e não ouvem, pois são uma casa de rebeldes." (Ez 12, 2)

A Ingratidão nasce quando acreditamos que os outros têm obrigação de serem genorosos para conosco.
Conheço pessoas que se tornaram inimigas porque esqueceram que amor e carinho nascem da pura e simples espontaneidade.

Refletindo melhor, também percebo: somos ingratos a Deus.
Acreditamos que é dever dele satisfazer sempre nossas ambiçoes mesquinhas.
E concordo que é desta maneira que nascem os egocêntricos: eles acreditam que o universo existe apenas para satisfaze-los.

Hoje creio: Antes de murmurarmos que nossos desejos não estão sendo atendidos como desejamos, aprendamos a ser gratos pelos pequenos gestos de carinho das pessoas e de Deus, que, podem não ser grandiosos, mas representam um amor gratuito que brota de um coração amigo.

Deus nos quer bem.
E eu creio que Ele está investindo tudo para que seus projetos sejam o alvo maior de nossas vidas.

Essa é a questão.
Salamaleiko.

Frei Eduardo F. melo
Santa Teresa - ES.
29 de Agosto - 2010.

4 comentários:

  1. É isso aí Frei Eduardo!!! Pode ter certeza que meu carinho por você é grandioso, e que brota realmente do fundo do meu coração e minha alma.

    Forte abraço D E C O L O R E S.
    Beijos.

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  2. Que coisa bonita de ler.
    Sabe... Eu também creio, precisamos exercitar a arte da gratidão. Estive a pensar nisso hoje, os homens são sempre assim, tem o sol e querem a chuva, tem a chuva e querem o sol. A gente nunca se contenta com nada, nunca paramos pra agradecer um noite estrelada, isso é triste. Confesso que ainda sou falha, mas busco exercitar esse dom.

    ^^

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  3. Na celebração de Domingo passado
    Vc disse que a leitura pela bíblia fazia a pessoa mais paciente , mas serena...
    A parti daí passei a tra ta - lá com mais carinho e devoção
    E minha vida melhorou e muito
    Procuro sempre guardar seu ensinamentos e do Frei Paulo também
    E essa saudade que aperta o peito
    não sei o que é
    É carinho , é Amizade verdadeira
    que brota do coração
    Grande Beijo meu A M I G O

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  4. Querido és sempre querido!
    Lindas palavras postou meu amigo Du, saber viver é preciso, com cautela e sabedoria, ter amor no coração e paz de espírito. Aprendi que amar é deixar livre, aprendi que amar é equilíbrio, aprendi que amar é saber deixar liberto assim como as borboletas que voam em busca de alimento e consequentemente polinizam as plantas trazendo para a natureza outras formas de vida e novas fases de vida para os nossos olhos. Podemos ser a menina dos olhos de Deus! Podemos amar e ser amados por quem quisermos, basta compreendermos que o amor não exige apenas basta senti-lo!
    Um grande beijo Du.. abraço e paz!

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