quinta-feira, 6 de maio de 2010

Novos Conceitos - Paradigmas de Fé.



Desde a minha juventude organizei minha vida com valores religiosos.
Quando me converti e voltei a Igreja, ali pelos 16 anos, concentrei minhas forças nas exigências que a vida cristã me trazia como suporte para minha fé. Hoje, confesso, cheguei a um tempo da minha vida em que algumas reivindicações da religião perderam seu apelo.

Pelo pouco que conheço da bíblia, percebo que Jesus não conviveu com gente muito certinha.
Ao contrário, ele os evitava e os criticava.
Chamou os austeros sacerdotes judeus de sepulcros caiados, de cegos que guiavam outros cegos e de hipócritas.
Cristo gostava da companhia dos mais fracos, dos que estavam a margem, dos pecadores, porque estes lhes pareciam mais humanos.

Interessante notar que Jesus alistou pessoas bem difíceis para serem apóstolos.
Pedro era um homem tempestivo. Tomé um hesitante.
Tiago era vingativo. João, lento em compreender. Judas, ladrão.
Acostumado com os freqüentadores de sinagoga e com os doutores da Lei, podemos perguntar: porque ele não buscou seguidores nestes círculos?

Talvez porque Jesus não entendesse santidade como perfeição, como muitos entendem!
Jesus aceitou que uma mulher de reputação duvidosa lhe derramasse perfume.
Ele elogiou a fé de um centurião romano.
Ele não permitiu que apedrejassem uma adúltera para incriminá-la.
Ele mostrou-se surpreso com a determinação de uma mulher Cananéia.
Ele Prometeu o paraíso a um ladrão no labirinto da morte.

Por conta disso tudo eu me pergunto: sabedor que Jesus era, porque ele não mediu esforços ou palavras para enaltecer gente assim?

Talvez porque Jesus não entendesse santidade como perfeição, como muitos entendem!
Para Jesus, santidade não significa uma simples obediência de normas.
Para ele, os atos não valem o mesmo que as intenções.
Adultério não se restringe a sexo, mas tem a ver com valores que podem ou não gerar uma traição.

O Ódio que explode com ânsias de matar é mais grave que o próprio homicídio.

Para Jesus, portanto, pecado e santidade fazem parte das dimensões mais profundas do ser humano.
Para Jesus, santidade se confunde com integridade...que deve ser compreendida como inteireza de vida.

"As sombras, as faltas, as inadequações, os defeitos humanos, bem como as luzes e as trevas de cada um, devem ser encaradas sem medos e sem neuroses."

Deus não requer vidas perfeitinhas, pois Ele sabe que a estrutura humana é pó.
Ele não exige correção absoluta, pois para isso teria de nos converter em anjos.
Ele afirmou que as prostitutas, que souberam lidar com as faltas e os defeitos humanos com inteireza, chegarão no céu primeiro que os mestres da lei ( Mateus 21, 31).
O Samaritano, que traduziu humanidade em gesto de solidariedade, tornou-se herói de uma parábola que descreve como herdar o céu.
O tempestivo Pedro, que transpirava sinceridade, recebeu as chaves do Reino.
A mulher, que fôra possessa de sete demônios, anuncia a notícia da ressurreição.

Para falar a verdade, creio que os mandamentos e a Lei serviram para mostrar que para se produzir humanidade não servem os legalismos.
Integridade e santidade nascem do exercício constante de confrontarmos nossas luzes e sombras trazendo-os diante de Deus e mesmo assim sabermos que somos amados por Ele.

Essa é a questão.

Frei Eduardo F. Melo
Santa Teresa - ES
6 de Maio - 2010.

2 comentários:

  1. Essa é a questão, meu irmão, abração!!!!!!!!

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  2. Id Opus est.
    É o caminho das pessoas simples, simples de coração.

    ^^

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