segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A Consciência crítica - Parte II




Na segunda parte deste artigo, termino a postagem do texto que é uma abordagem que faço de um fragmento da obra de Paulo Freire, a “Consciência Crítica”, retirado do livro “Educação e mudança”.
Boa leitura a todos!

10 características do indivíduo de Consciência crítica.
(Ah ! meu Deus, como precisamos dela, no pequenino quintal religioso nacional).

1. Tem anseio de profundidade na análise dos problemas. 
Quem tem a consciência crítica não se satisfaz com as aparências. Pode-se reconhecer desprovida de meio para a análise das situações, mas evita o juízo falso por desconhecimento das causas dos problemas.

2. Reconhece que a realidade é mutável.
Toda abordagem da realidade é limitada, temporal e exige flexibilidade de olhar interpretativo. Paciência histórica, inteligência de abordagem do problema e neutralidade na observação dos comportamentos são palavras de ordem.   

3. Substitui situações ou explicações mágicas por princípios autênticos de causalidade.
O indivíduo de consciência crítica não permite a simples aceitação de verdades simbólicas com o "aparato" da imposição. Questiona sem ser petulante e não se satisfaz com a instrumentalização da verdade diante de pessoas mais fracas.

4. Procura verificar ou testar as descobertas. 
Como crítico de si, está sempre disposto às revisões. Sabe que a exposição da verdade tem nuâncias interpretativas, e cuida para que a "ciência" que tem baseada na força de sua autoridade, não se sobreponha a inteligência de todos.


5. Ao se deparar com um fato, faz o possível para livrar-se de preconceitos. 
Evita racionalizações defensivas. Busca a liberdade na analise dos fatos da vida, não somente na captação das informações, mas também na análise e na resposta diante dos questionamentos e decisões que precisa tomar.

6. Não aceita uma postura de "falsa" pacificação.
O individuo de consciência crítica é intensamente inquieto. 
O essencial para ele é ir além, principio de busca pessoal e comunitária como base da autenticidade.

7. Mantem-se leve diante de suas responsabilidades e aceita a delegação de sua autoridade como serviço.
Torna-se mais crítico quanto mais reconhece que o poder de mando se sobrepõe como critério último no âmbito do "viver em sociedade". 

8. É indagador, investiga.
Com sua análise da realidade, ele provoca. Suas idéias revelam uma profunda capacidade crítica. Sua missão é abrir janelas, criar pontes. Subir mais alto. 
Com sua abordagem da realidade ele provoca as pessoas ao encontro do "mais profundo". 
O conhecimento se torna a "boa notícia" que liberta.  

9. Respeita e apóia o diálogo, nutre-se dele.
Para isso, evita toda superioridade que provoca medo, insegurança e disparidade social.  Não se contenta com títulos, diplomas, nem se vangloria das "placas" de homenagem que recebe e carrega.    

10Face ao novo, não repele o velho por ser velho, nem aceita o novo por ser novo, mas aceita-os na medida em que são válidos.
Sabe que todos estão a caminho, e que não existe conhecimento "fechado".
Aceita ser mais um peregrino na longa estrada da vida e já entendeu que não está no meio de uma corrida para saber quem chegará primeiro.

Caminha, sabedor que é apenas mais um peregrino no amplo espaço de construção da vida real. Tem o sonho voltado para o alto. 
Tem os pés fincados na terra, e olhos atentos para frente.


Notas finais.
Considero Paulo Freire um homem à frente do seu tempo, com uma contribuição pedagógico-crítica que extrapola o universo escolar. 
Entendo que seus princípios seriam muito bem vindos nos bancos e púlpitos das nossas Igrejas. Não acha?

Salamaleiko.

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