quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Nas Fronteiras da Missão.



A Ordem Franciscana...
é uma ordem de irmãos cuja missão é viver a pobreza, a obediência e a Fraternidade segundo o carisma de São Francisco. Estamos presentes nas mais diversas realidades da Igreja espalhada pelo mundo.
 
Somos uma Ordem de Frades católicos...
cujo desafio é colocarmos em prática o ideal da Regra dos Frades Menores, sonhada por Jesus e revelada a São Francisco: Viver o Evangelho.
É certo  que estamos em outros tempos.
Somos hoje desafiados por valores e crenças de um mundo bem diferente ao mundo do santo de Assis. Mas ainda assim, creio firmemente que temos uma resposta para esse desafio.

 
Estive no ano passado visitando a Missão dos Freis Capuchinhos da Província do Amazonas.
Conviver com os frades e pisar no chão da realidade amazônica trouxe-me insights sobre a dura tarefa missionária que se impõe ao nosso testemunho hoje. Como estamos distantes dos projetos do santo de Assis.

 
Estar ali naquele chão...
Junto daquele povo tão humilde, aquela gente de tão bom coração, fez-me lembrar a vastidão do país e  a incrível distância que uma parte da Igreja tem para com as necessidades daquelas pessoas. Reconheci entrelinhas, o tanto que posso ainda doar minha vida pela causa missionária, mas que por conta de minha falta de despojamento e limitação humanas, fecho-me em meu mundo urbano com todos os seus dilemas.
 
Hoje novamente creio: para refazer meu compromisso com a vida quero estar mais ligado às questões reais da  vida e das pessoas.
 
Eu admiro são Francisco.
Porque sei que há Franciscanos cortando estradas do mundo enfrentando missões nos mais amplos espaços do planeta e com isso me identifico.

 
Lembro-me dos missionários capuchinhos que dão seu sangue na difícil missão de Angola.
Lá a pobreza do povo, a  distância das autoridades públicas e o estado precário do  atendimento na saúde das classes mais pobres dilaceram qualquer coração mais inquieto.
 
 
 
Eu admiro São Francisco.
Porque sei que há Frades peregrinos e ambulantes que semeiam a paz no interior do Nordeste do nosso Brasil. Só eles podem nos ensinar o que significa o mandamento de Jesus de que deveríamos andar pregando o Evangelho sem medo das distâncias.

 
Eu admiro São Francisco.
Quando lembro-me dos Franciscanos e Franciscanas que juntaram-se para representar a MISSÃO FRANCISCANA DE PAZ na ONU. Atualmente, eles possuem o “status” de uma organização não-governamental, chamada “Franciscans International” que com inteligência e sagacidade monumental tem representado a Ordem nas mais diversas frentes ativistas na busca pela paz e pela igualdade de direitos junto aos mais pobres e sofredores deste mundo.
 
Eu admiro São Francisco.
Porque sei que há frades da Província do Amazonas que dão o sangue e o suor pela divulgação do Evangelho naquelas terras.
Nosso missionários cortam o rio Amazonas e o Solimões de barco por dias afinco, saindo da capital Manaus até Tabatinga e de lá para São Gabriel da Cachoeira (no fim do estado). Lembro-me de Frei Gino e Frei Paulo, amigos de caminhada, parabéns pelo zelo incansável e pelo o ardor missionário que não os acomoda nas grandes estruturas do tempo.
 
  
Lá os freis procuram estar nos lugares mais afastados, como em áreas de fronteira, e atendendo às populações mais pobres do Amazonas, como as comunidades ribeirinhas e indígenas. Simplicidade, proximidade do povo e rotina de oração são os pilares da nossa ordem naquelas "bandas".
 
 
Eu respeito São Francisco.
Porque me lembro dos irmãos da Toca de assis, incansáveis no serviço aos mais pobres, no amor à Eucaristia e na devoção aos santos de nossa Ordem. A tantos irmãos e irmãs que sentindo a inspiração divina, seguiram e ainda seguem mais de perto os passos de São Francisco de Assis: pobre, humilde, casto e obediente.
 
 

Eu respeito São Francisco.
Quando faço Memória dos irmãos que iniciaram a missão Capuchinha nos  países nórdicos [Finlândia e Groelândia a cinco anos passados]. Estive lendo na Publicação Internacional da Ordem (Analecta Ordinis) tempos atrás, que os frades estavam investindo sériamente na missão ad gentes naquele país, terra do frio.[Frio do coração e frio do tempo]. Um lugar inóspito em que por seis meses do ano é "puro sol", e nos outros seis meses "pura treva".


 
Eu respeito São Francisco.
Porque recordo-me com alegria dos irmãos de todas as Familias Franciscanas do páis, em especial à UMF (União Missionária Franciscana) que é um movimento eclesial, para ajudar a conhecer, a amar o apostolado missionário e auxiliar os Missionários Fransciscanos, sobretudo pela oração, promoção de vocações missionárias, apoio moral e material, espalhados no mundo.
 
 
 
 
Eu respeito São Francisco.
Porque Lembro-me do incansável trabalho dos irmãos capuchinhos que abraçaram a missão no estado de Roraima e no Pará. Aos freis que decidiram a partir quais peregrinos para aquelas terras, e sem medir esforços e o preço da própria vida, apóiam os indíginas da Reserva Raposa Serra do Sol em sua luta contra os madereiros e produtores de arroz que lutam pelas terras já demarcadas como reservas indígenas. Pela coragem imensa, pelo ardor missionário que transforma acomodação em angústia vital, a nossa luta e o nosso brado incansável pela justiça  dos marginalizados da  sociedade.
 
 
 
Eu respeito São Francisco.
Quando  faço memória dos frades e leigos envolvidos na Comissão Pastoral da Terra (CPT -nacional) que enfrentam perseguições da parte dos grandes produtores rurais e madeireiros na Região Norte do país. Pela força de resistencia, pelo sangue dos mártires da caminhada, pelo encanto à causa dos mais pobres, esses irmãos nos ensinam que a história e a dura realidade dos sem terra é muito mais sofrida do que a mídia televisiva e o nosso pequeno mundinho pode revelar.

 
Enfim, eu te agradeço meu São Francisco...
porque se não fosse teu amor, tua reverência devocional, tua coragem e tua busca pela vontade de Deus, nós não teríamos a família que somos hoje, espalhada por todos os cantos deste planeta.

"...Com São Francisco, aceitemos nossa pequenez. Vivamos intensamente nossos relacionamentos. Acolhamos o próximo com suas imperfeições, dores e esperanças. Contemplemos nossa história como um desafio de aprimoramento e lapidação constantes. Só assim teremos a condição de nos tornarmos construtores de uma sociedade mais justa e  fraterna  aos olhos do Criador."

Defendamos o direito.
Demos a mão ao pobre. Aguardemos!
Breve, brilhará o sol da justiça, trazendo cura sob suas asas.
  
Salamaleiko!
 

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