sábado, 11 de fevereiro de 2012

TEMPO PARA NADA.



Lembro que quando eu era criança as férias colegiais duravam três meses.
Tinhamos a garantia certa de fazermos longos passeios com a família.
Aquelas idas e vindas nos tirava da chata rotina "casa-escola-igreja."
E depois o melhor é que ainda tínhamos o mês interinho de julho pra descansar.
As coisas mudaram. Parece que férias agora é só janeiro...

Nada era muito programado.
Quase sempre íamos pra Minas Gerais na casa de nossos tios.
Era bom lembrar o cheiro doce do sítio em que descansávamos. Até hoje ele está lá.
O gosto do café passado na hora. A fumaça da tarde e o sol quente que avisava o mormaço.
"O doce de leite feito no taxo por horas parecia-nos um ritual quase mágico que aproximava e encantava misticamente as crianças."

Os mais velhos organizavam o almoço.
A expectativa da chegada "dos de fora" era grande.
Todo encontro era uma festa. Cada um que chegava parecia trazer um "presente" diferente: toda criança pensa assim, não acha?

As férias eram sinônimo de brincadeira.
Brincávamos na rua de bola de gude, de futebol de botão, de bola.
Lembro que nos primórdios de minha infância eu nao estava ainda bem treinado naquela "modalidade" e os meninos mais velhos estavam me roubando na bola de gude.
Eu todo sonhador, um dia chamei papai para ver se ele conseguia recuperar minhas bolinhas. Ele era um mestre na arte. Ganhou de todos na rua. Fiquei com a lata (de neston) cheia de bolas, e para guardar aquele precioso "tesouro", lembro-me que por duas semanas fiquei sem jogar, ameaçando meus colegas que se caso voltasse a perder, chamaria papai.
Eram os tempos idos de 1985.

Andar de bicicleta e ir a praia era tudo o que sonhavamos para o fim do ano.
Lembro-me também que passavamos eu e meu irmão dias inteiros vendo televisão.
Não tinhamos video-game, sequer internet.
Assistíamos a sessão da tarde. Ele, mais intelectual, gostava de ver os programas da tv cultura. Eu com 12 anos começei a investir na minha coleção de discos.

"Frequentei por longos anos todos os sebos "encontráveis" no centro do rio e na baixada fluminense. Juntava os trocados que ganhava de mamae e passava dias inteiros revirando prateleiras de discos nas principais lojas do genero atrás de alguma relíquia."

Hoje minha coleção bateu o número razoavel de 763 bulachas em vinyl.

Tenho saudades enormes de minha infância.
Do tempo em que muleques descíamos pela porta de trás do ônibus para não pagarmos passagem.
Do tempo em que ficar horas jogando bola esperando a noite chegar era diversão sem preço.
Do tempo em que juntar os amigos para "tirar" as músicas de nossos conjuntos favoritos era um desafio.
Do tempo em que ir para a Igreja pela manhã era um alegria misturada com nostalgia religiosa.
Do tempo em que praia era local de festa e "farofada" de amigos.

Saber que existo e que cheguei até aqui é um dom.
Perdi a pressa, desisti das onipotências, abri mão da perfeição.
Quero degustar os anos que me restam e nunca esquecer que Alguém me ama sem que eu precise provar qualquer coisa.
Renasço e descubro que a vida só acontece, infinitamente, na Graça e na Fé em Deus.

salamaleiko.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.