A cena ainda continua em minha memória.
Ele estava deitado num canto de um hospital gemendo com uma dor que maxucava inteiramente a minha alma. Ali, parado e sem atendimento, meu pai agonizava de dor na próstata sem saber que solução o médico daria ao fim daquela tarde. Nunca mais fui o mesmo.
Andando pelo corredores escuros daquele inóspito lugar
vi a dor de tantos empobrecidos que padecem pelo descaso com o sistema de saúde. Depois da cirurgia, passados alguns meses, vi recuperado aquele que era meu rei e meu herói, homem das dores com seu sorriso forte a me dizer que tudo dera certo.
Chorei.
Quando não podemos mais falar, quando nossa dor é tão forte e quando mal conseguimos pensar palavras, mesmo assim não estamos sós.
Deus ouve o nosso gemido!
É reconfortante saber que quando estamos a beira da dor, quando perdemos a humana esperança de dias melhores, mesmo assim, há uma presença e um carinho que extrapola a angustia do nosso silêncio.
A um alto preço, aprendemos a que dor sempre nos leva além.
Ela é uma ponte: estrada que conduz a um caminho que não queremos ir.
Hoje, 20 anos depois celebro a beleza de ver meu pai saudável.
Sim, ele continua caminhando todos os dias.
Alegra nossa casa saber que sua fé vem sendo modelada pelo carinho e o afeto singelo de mamãe.
Hoje, olhando para trás, sei que todo esforço e o sacríficio daquela mulher, não foi em vão. O que sou, sei bem, dependeu absurdamente dela.
E é isso que hoje me leva a escrever.
Salamaleiko.
30 de novembro - 2011.
Santa Teresa - ES
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