quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Um Judeu Marginal - contradições.


Iniciei esta semana a leitura de um dos capítulos da Obra “um Judeu Marginal”, do teólogo católico John P. Meier.
Ele foi professor de Novo Testamento no Departamento de Estudos Bíblicos da Universidade Católica da América do Norte, onde começou a lecionar em 1984.
Possui vários doutorados nas áreas da Antropologia cultural, da Historiografia e das ciências bíblicas. É professor da cadeira de Novo Testamento na Universidade de Notre Dame em Indiana, sendo hoje aclamado como um dos melhores biblistas da atualidade.

Tomando alguns insights do autor cheguei a algumas considerações iniciais sobre as características do ministério de Jesus.

Em primeiro lugar, confesso que tenho dificuldades para aceitar algumas categorias teológicas do senso religioso.
Uma delas tem a ver com a compreensão do poder divino.

Intrigado, comecei a me questionar porque Jesus Cristo escandalizou fariseus e doutores da lei.
Percebi que, havia séculos, os judeus aguardavam o "messias".
Eles nutriam uma expectativa triunfalista para a chegada do Ungido de Deus.
Em setores mais politizados de Israel, o Messias se manifestaria como o grande libertador, numa versão melhorada e glorificada de Moisés.
Entre os mais ortodoxos – fariseus e levitas – o Messias viria para renovar os princípios da Torá, com um profetismo ainda mais contundente do que o de Elias.

Agora entendo um pouco melhor porque Jesus se tornou escândalo e loucura para os judeus.
Tanto judeus como gregos o perceberam como um "enorme fracasso".
Ele simplesmente não deixava colar as expectativas ou farisaicas em si mesmo.
Se o Deus dos fariseus zelava para que a lei nunca fosse desobedecida, castigando duramente os pecadores, Jesus tornava essa mesma lei flexível em nome da misericórdia.

A mulher apanhada em adultério viu como o poder do amor dobrou a rigidez do mandamento:
Onde estão os seus acusadores?
Disse Ele: - eu não condeno você.
Vá em paz e não peques mais.

Jesus não revelou Deus como um juiz que persegue os rebeldes...
mas como um pai ferido que aguarda, no alpendre, a volta do filho perdido pra casa.
Ele “corre ao encontro” desse filho que, mesmo cheirando a porco, recebe beijos, e ganha anel e festança.

Enquanto os judeus ambicionavam elevar Israel como nação líder do mundo...
vingando inúmeros séculos de opressão, Jesus abria o rolo da lei numa sinagoga e lia que sua missão era para com os pobres e desvalidos.
O que verdadeiramente escandaliza no Deus de Jesus, vem de sua tremenda inconsistência, e as melhores manifestações dessa inconsistência chamam-se misericórdia e graça.

A maior notícia pregada por Jesus é que Deus não se deixa prender por nenhuma espécie de dogmatismos..
legalismos e determinismos, mas perdoa, restaura, reescreve histórias e caminha pacientemente ao lado da humanidade.

A verdade é que os fariseus se desesperaram com essa quebra de paradigma..
e, enlouquecidos, cometeram deicídio. Os judeus não suportavam que desmoronasse a teologia montada em um conceito de um Deus intransigente e estático.

O Reino que Jesus inaugurou não possui paralelo com os reinos humanos.
O Deus de Jesus nunca foi percebido pelos poderosos, pois ele submergiu entre os pequeninos, ovelhas indefesas, servos inúteis, entre os indignos, filhos pródigos, prostitutas, leprosos, cegos, mendigos, entre os estrangeiros romanos, exorcistas informais.

Jesus veio mostrar aos homens que Deus escolheu vulnerabilizar-se devido ao seu amor...
e que esta fraqueza é mais forte do que qualquer conceito humano de poder, e que outras expressões divinas a partir de Cristo, podem ser descartadas como ídolos.

Confesso que depois desta leitura, começei a repensar, e muito, minhas idéias sobre o Messias.

Frei Eduardo F. Melo
Santa Teresa - ES
4 de novembro-2010.

Um comentário:

  1. Ei irmãããão! =P
    Seu blog continua lindo...sempre neh! :)
    E qndo algo te aborrecer, algo q te deixe indignado...lembre - se q: "sempre foi entre vc e Deus, nunca entre vc e as pessoas".
    Fica com Deus...bjo!

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