quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Minha carta para Zilda - Teu nome é Esperança.




"Pessoa da qual o mundo não era digno". (Hebreus 11, 41)

Zilda Arns, voce merece o nosso carinho.
Sua maior missão foi revelar a urgente necessidade do cuidado que mereciam as crianças subnutridas no Brasil e no mundo, fundando a Pastoral da Criança.
Sua morte anunciada nos jornais hoje trouxe tristeza ao nosso coração.
De cada canto do país se ouvirá o lamento e o grito de muitos, agora órfãos.
Sua partida deste mundo trará um vazio.
Quantas mães, com suas crianças de colo, mesmo sem conhecê-la, chorarão por sua morte?

Hoje renderemos o nosso agradecimento a você.
Lembrando tua Esperança semeada em seus gestos de solidariedade para com tantas crianças, escrevo-te esta carta, onde quer que tu estejas.

ZILDA, teu nome é ESPERANÇA.

Zilda, olhando para Voce, posso entender:

Voce mostrou que a Esperança é o alento dos pobres.
Que a Esperança é a irmã mais frágil da fé.
Que ela não nasce das certezas, mas é vizinha da teimosia. 
E nisto reside sua beleza.

Voce entendeu que o chão da Esperança é como a areia movediça...
Porque a esperança é incapaz de fazer promessas absolutas.

"Animada pelo impossível, a Esperança desenvolve sensibilidades nas pessoas.

A Esperança sempre espera...
Mas ela jamais obedece a mecânica do tempo.
Nela, não existem cronogramas, relógios e planejamentos estratégicos.
Enquanto flui, a Esperança não se obriga senão que satisfará os que se engajarem pela vida.

Só a Esperança ressuscita a audácia em corações arruinados.
A Esperança devolve ao desiludido, lambuzado de cinza, as cores da vida.
A Esperança exorciza o mau agouro e esculacha o azar.

"A Esperança cala os pessimistas e zomba do Destino.
A Esperança não sobrevive de ilusões."



"Ela não procura construir castelos nas nuvens,
mas se assenta no chão da vida real."

Por causa da Esperança, nos tornamos companheiros dos valentes, dos intrépidos e dos aventureiros.
Neles, pulsa o coração de um batalhador, de onde surge a poesia mais inspiradora.

A Esperança se move de trás para frente.
Réstias de sua luz emanam desde o futuro longínquo para iluminar o presente.

A Esperança é a força derradeira que anima o velho e o brilho que anima os olhos da mãe quando embala o filho.
A Esperança é virtude de poucos.
É força, é Fé, é energia que brota e corações grandes como o teu coração de mulher.

Eis o teu segredo, querida Zilda.


Salamaleiko.
Rest in peace.

Frei Eduardo F. Melo
Minas Gerais
13 de jenairo-2010.

2 comentários:

  1. E ainda há quem duvide do exemplo de nossa Mãe Maria... bondade sempre. Esteja com Deus Zilda!

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  2. “Não morre aquele que deixou na terra a melodia de seu cântico na música de seus versos” (Cora Coralina).
    Zilda Arns deixou a música das músicas, a melhor de todas as melodias: a caridade. Nunca esqueceremos!
    Ana Paula (Paróquia Santo Cristo dos Milagres -Niterói)

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