Nostalgia em fim de Tarde.

Pra gente viver bem é preciso aprender a gostar, mas gostar mesmo, de poesia.
No poema, a palavra ganha ritmo para sincronizar-se com o pulsar do universo.
E nessa magnífica e silenciosa palpitação, ressoa a voz do Divino.

Pra gente viver bem é preciso achar tempo para ouvir música.
Quando melodia e rima se acasalam, nasce a sublime sonoridade do Paraíso.
O Pai Eterno sorri quando seus filhos se aquietam para escutar os artesãos dos salmos, dos noturnos, das toadas, dos réquiens, das cantatas, das óperas, dos hinos, dos recitais, dos corais, do jazz, da bossa-nova.

Pra gente viver bem é preciso aprender a amar os livros.
É prazeroso para Deus, ver seus filhos transcendendo para mundos imaginários através da prosa, da narrativa.
Os romances revelam a alma humana, enaltecem a virtude e descrevem a realidade crua da vida.

Pra gente viver bem precisamos aprender a transformar cada refeição em um ágape, cada aperto de mão em uma aliança e cada abraço em uma declaração de amor.

Pra gente viver bem basta deixar-nos conduzir por um vento desatento...
Rumo ao horizonte inatingível, e esperar sem a angustia dos estressados o porvir da vida.
Já que Deus gosta de prados selvagens e de matas sem cercas, viver é arriscar-se.
Deus sabe desenhar o arco-íris com as gotas do ribeiro que despenca no precipício.
Portanto, só vive bem quem não teme esvaecer.

Pra gente viver bem basta gostar de vinho...
de doce de leite, de tapioca com manteiga, de filme de amor, de esporte, de uma tarde calma de sono no domingo, de bolo de milho com café, de cafuné, de beijo de mãe, de viagem de férias com dois dias sobrando para descansar do descanso.

Coisas de domingo a tarde.

Fim.