segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Dicionários, Idéias e Espelhos.



Sinto-me como um enigma diante do espelho.
Escrevo porque preciso decifrar palavras, cativar o vento divino e eternizar pensamentos que tenho e nem me dou conta. Escrevo porque não consigo guardar sentimentos escondidos.

Sou o que sou, mas assumo que pouco me conheço.
Essa semana ouvi de meu irmão: - Eduardo, você não sabe mentir! Teu olhar não me engana.
Respondo: - aprendi também a mentir, querido Renato.E por isso escrevo. Tenho que externarnalizar esse entalo que ficou preso no meu peito no passado.

Sou um admirador de concepções visionárias.
Quando redijo, flutuo nas estradas da fantasia. Navego à deriva em minhas convicções.
Quando escrevo expulso minha tristezas, carregado pelo impulso de dizer coisas que ainda não guardei.
Minhas idéias me assustam. Como o cursor de um teclado, anseio pela próxima letra que dará vida a minha próxima idéia. Minha? Não sei. Só sei que elas estão lá, num universo que foge ao meu.


Prefiro o silêncio ao barulho deste mundo que momentaneamente me inquieta..
Quero narrar o inenarrável, não aquele que mora fora de mim, justamente o inverso.
Apanho, sem saber como, para expor o apertado quarto de onde escapam as minhas lágrimas.

Escrevo porque minha nostalgia não tem cura.
Os vestígios de minha juventude irrequieta clamam por expressão.  Minhas idéias flutuam entre o imaginário e o real que há dentro de mim.
Minhas letras lutam para resgatar o que nunca vivi.
Sei que a minha limitada poesia deseja celebrar a beleza que me privei de contemplar, ressuscitar risos que outrora disfarcei e retornar a lugares de onde me ausentei.


Escrevo porque busco remediar a solidão que há em mim.
Não encontro terapia nas conversas voláteis.
Amo coisas antigas: fotos em preto e branco, relicários, discos e quadros na parede.
Quando redijo, olho para minhas decepções e busco sarar minhas poucas feridas.
Suo para exprimir o que vai no meu espírito e no turbilhão do tempo gasto com minhas letras sou curado.

Sou um realista esperançoso, divago nas palavras, sem diploma.
Escrevo porque desejo aperfeiçoar minha humanidade.
Ao desejar literatura vislumbro a distante excelência, sabendo que o absoluto está além do meu alcance.
Mas abraço o desafio de superar-me, sempre consciente de meus limites e sabedor de que sou amado e querido por quem mais me quer bem.

Por hoje é só....

Frei Eduardo F. Melo
Goiânia - GO.
17 de janeiro de 2011.

4 comentários:

  1. Que lindo!!!!!!!!! Muito lindo!Abraço.

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  2. Nossa, somos mesmo muito parecidos...principalmente na parte de "amo as coisas antigas" ^^
    Um dos melhores textos (na minha opinião) que li aqui, li 3 vezes já! :) E eu acho que isso tudo é...nháá...SAUDADE da terrinha maravilhosa, Santa Teresa!!! hehehe
    Bjoos irmão

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  3. Todos os textos são lindos e sempre muito bons para alma, mas esse parece ter saído das profundezs do coração, como se tivesse sido ditado pela alma e escrito pelo coração.
    Parabéns!!!!!

    Um forte abraço cheio de carinho e ternura!!

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