domingo, 24 de outubro de 2010

Sobre Sonhos e devaneios,


É no período da noite que as pessoas têm sonhos: alegres, apavorantes, calmos ou recorrentes.
A noite, essa soturna face do tempo, foi vista por várias tribos antepassadas como um reino misterioso no qual os seres humanos eram admitidos enquanto dormiam.
O sonho de uma pessoa era a evidência dessa visita.

Segundo o historiador inglês Geoffrei Blainey, em seu livro "Uma breve história do mundo"...
Os povos primitivos acreditavam que enquanto os humanos dormiam, a alma saía de seu corpo e temporáriamente entrava neste "outro mundo".
Outras tribos de influência mais subjetivista acreditavam que cada pessoa possuia duas almas, e que durante o sono a segunda deixava o corpo. Afirmavam que durante o sono a "segunda alma" teria condições de observar as atividades simultaneas da "primeira alma". Tese em parte interessante, a principio.
O sonho funcionava quase como uma forma sobrenatural de televisão.
Se algo terrivel acontecesse com alma que havia deixado o corpo, o terror era imediatamente transferido para a pessoa que estava dormindo e sonhando.

Dezenas de milhares de anos antes do surgimento dos sacerdotes e advinhos das religiões animistas...
os sonhos que ficavam nítidos na memória devem ter sido recontados com medo e admiração.
Para os povos primitivos a importância dos sonhos era reflexo da importância subjetiva da noite.
Para as comunidades tribais a obscuridade da noite devia soar avassaladora. 
Hoje a iluminação das cidades praticamente se sobrepôs ao valor "mistérico" da noite.

Na era moderna, o sonho aos poucos, mudou de sgnificado e deixou de ser interpretado simplesmente como uma antecipação dos acontecimentos.
Lembro-me da tese lançada por Freud que via o sonho, não como uma visão antecipada do futuro, mas como um espelho da personalidade e do passado de quem sonha.
Segundo o psicanalista austríaco  os sonhos seriam aquela faculdade da alma de revelar a si mesma as nuâncias internas  do comportamento e dos desejos recalcados do ser humano.

Esta noite tive um sonho muito esquisito. 
O pior é que me lembro de tudo com “riqueza de detalhes”. 
Não sei exatamente o que este sonho quis dizer. Aliás, eu preciso ainda entender o que os sonhos representam. Sempre tive essa dúvida. O que reside no inconsciente?
Neste sonho nada parecia fazer sentido. 

Eram obscuras as palavras que ouvia.
Tudo o que eu gostava, era evitado e vice-versa. 
Pessoas que passaram pela minha vida apenas uma vez tinham uma importância enorme, e as pessoas que eu respeito, as quais convivo quase diariamente, não se importavam em nada comigo e nem com o que eu queria naquele momento. 
Desconexão total.
Lugares que pareciam familiares, mas que nunca passei por eles. 
Estranho demais. Acordei.

Tinha uma atividade externa. 
Precisava me concentrar nisso, mas o sonho rondava minha mente. 
Parecia muito real. O que não sai da minha cabeça são os diálogos que parecem ter acontecido de verdade. 
Faz muito tempo que não sonhava algo muito próximo da realidade, com exceção do momento.
Enquanto isso, vou tentando desvendar o que cada fragmento daquele sonho quis dizer.
Entre cólicas e lembranças de um sonho esquisito, lembrei-me das palavras do poeta.

Frei Eduardo F. Melo
Rio de Janeiro
24 de outubro - 2010

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