sábado, 16 de outubro de 2010

Memórias e declarações da noite.


Memórias, Crônicas e declarações.
O Telefone tocou no meio da madrugada.
Alguém do outro lado insistia em contar seu desassosego.
Fui acordado por aquela melodia suave de letras bem colocadas.
Um universo de complexidades habita cada ser humano que passa nesta terra.
Era algo como quem não permite o tempo andar.
Deixe o relógio da vida seguir seu "tempo".

Não vemos as pessoas da mesma forma que vemos casas, árvores ou estrelas.
Enxergamos as pessoas na expectativa de encontrarmos nelas uma determinada maneira, um determinado universo semelhante ao nosso.
Através do sentimento, transformamos as pessoas, assim, em um pedaço da nossa própria interioridade, de nossa alma.

Eram 3 da tarde. As asas do sol queimavam o telhado de minha casa.
Eu declinava entre livros e páginas rabiscadas de saudade.
Observava ali meus rascunhos em cima da estante.
Sei bem que memórias e declarações são formas suscintas de tentar parar o inexorável rumo do tempo.

Eram como velhas notas rasuradas dentro daquele livro empoeirado.
Com meu pouco tempo de vida, aprendi que a força da imaginação forma as pessoas de maneira que estejam de acordo com nossos próprios desejos e esperanças.
Mas a imaginação também ajuda para que se confirmem os temores ou os preconceitos que carregamos.

Passamos pela vida e interpretamos os dias a partir do que está em nosso coração.
Na verdade, nem sequer alcançamos os contornos exteriores do outro de maneira segura e imparcial.
Ao longo do percurso da vida, o olhar humano é desviado e influenciado por todos os desejos e fantasias que carregamos, e é isso que também faz de nós a pessoa especial e insubstituível que somos.

Frei Eduardo F. Melo
Santa Teresa - ES
16 de Outubro - 2010.

Um comentário:

  1. O coração dos outros é terra onde ninguém anda , e a beleza está nos olhos de quem vê, cada um enxerga de uma maneira. beijão! Renata .

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