sexta-feira, 16 de abril de 2010

Conselhos em Tempos de crise.



Henri Nouwen foi um dos mais profundos autores cristãos de nossa época.
Ninguém como ele soube fazer a ponte entre a espiritualidade e a mística clássica com mundo contemporâneo, entre a vida de silêncio e oração e a prática de boas obras, entre a erudição e a piedade.

Ao aceitar compartilhar suas experiências espirituais com o mundo moderno...
através de seus livros, Henri Nouwen, abriu-nos um novo horizonte para a uma vivência genuinamente cristã num mundo conturbado e caótico. E nos ajudou a integrar fé e vida, a percorrer no caminho que conduz à sublime presença de Deus, e assim permanecermos na fé, na esperança e no amor.

No dificil momento atravessado pela Igreja...
no meio de tantas críticas vinculadas pela mídia ao sacerdócio cristão, um pouco da leveza e da sabedoria literária deste célebre autor para colorir nossa tarde chuvosa nesta cidade.

Boa leitura a Todos. 
Salamaleiko.
Frei Eduardo F. Melo
16 de abril de 2010.

_________________________________

Algumas mudanças precisam acontecer urgentemente entre as religiões mundiais.

Que pastores, sacerdotes, rabinos e mulás dediquem mais tempo lendo, decorando e declamando poesia, e para prevenir preconceitos, que se omitam os autores.
Assim, poderão saborear beleza literária sem distinguir entre ateus e crentes, devassos e santos. 
Que os teólogos se especializem em “agapeologia” (ciencia do amor).
Que solidariedade seja a melhor prece, e o exemplo, o maior sermão.

Que as religiões, grandes e pequenas, se concentrem na vida aqui no mundo...
Que busquem aliviar os cansados e oprimidos antes de prometerem salvação eterna.
Que visitem os doentes, antes de tentarem decodificar os mistérios da Divindade.
Que defendam o direito do órfão e da viúva, antes de se arvorarem únicos detentores da verdade.

Que as religiões aprendam a zelar pela vida e desprezem as taxas de crescimento de suas instituições.
Que a mão esquerda desconheça as virtudes praticadas pela direita e não usem a bondade como proselitismo..
Que Deus seja percebido no rosto do próximo e não em livros e em belas pregações.


Que os líderes eclesiásticos voltem a caminhar na beira da praia...
Que façam estágio na casa de um pescador artesanal.
Que acordem cedo, sintam o aroma do café preto, naveguem todo o dia e na boquinha da noite voltem para casa exaustos.
Que suas mãos calejadas lhes ensinem a manter o coração sensível.
Que o corpo doído lhes amorteça a ganância.
Que se deitem felizes numa rede, e embalados pela bruma, voltem a soletrar con-ten-ta-men-to.

Que as liturgias dos templos imitem as brincadeiras das crianças onde ninguém é dono de nada, nem  se separam as pessoas entre líderes e liderados.
Já que o Reino Eterno não é dos adultos, mas dos pequeninos desprovidos de amarguras, que os ritos busquem devolver a humanidade aos jardins-de-infância.
Que os bancos das igrejas sejam transformados em gangorras e balanços.
Que o culto vire festa parecida com casamento de italiano, com muito vinho, dança, e sem hora para terminar.

"Assim lembraremos de novo, que nossa liturgia e nossa fé cristã, é antes de tudo celebrativa, encantadora e viva. Um momento em que Deus toca o nosso coração e onde podemos tocar também no coração de Deus."

Henry Nouwen.
Textos e Obras Clássicas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.