quinta-feira, 1 de abril de 2010

As Dores de um Homem.



Celebramos nesta quinta-feira o início dos tres dias mais significativos para o Cristianismo.
Em seus três anos de ministério Jesus revelou que seu reinado em nada parecia com o estilo dos reinados vigentes até então. Ele não tinha palácio, ele não tinha guardas, Ele não tinha um senado, ele não tinha coroa, ele não suportava o autoritarismo dos monarcas de seu tempo.
Por isso ele chegou a dizer que ser reino não era deste mundo.

Jesus foi um ser humano único. Foi servo por isso tornou-se Rei.
A excelência que brotava de suas ações, a nobreza do seu caráter, seus projetos revolucionários, sua forma ímpar de lidar com as pessoas, fez com que sua palavra e seu testemunho de vida se perpetuasse pelos séculos da história, ao ponto de transformá-la em um antes e um depois.

Mas se formos olhar bem a história de Jesus, a história do Cristianismo percebemos que de algum modo o seu plano de constituir um reinado aqui na terra foi fracassado.
Segundo alguns teólogos, a missão de Jesus só não foi totalmente fracassada porque o Espírito Santo havia recebido o encargo de completar a missão que era dele, do Filho, de levar a mensagem de salvação a todas as nações.

A verdade é que Ele não teve tempo de terminar a sua Obra...
O seu ministério foi abreviado...
Os judeus procuravam um modo de matá-lo, mas não encontravam nele culpa alguma.
A condenação de Jesus foi o resultado de um jogo de empurra entre romanos e judeus.

De um lado, religiosos do judaísmo com medo da reforma que o profeta Jesus estava realizando no meio do povo, abrindo as consciências e libertando as pessoas das amarras legalistas da religião oficial.
De outro lado, os romanos que dominavam a Judéia temiam revoltas políticas no meio do povo.
Assim para ambos (romanos e judeus) era muito mais cômodo acabar com aquela nova seita que perder a estabilidade do controle estatal.

De fato, se formos olhar a Bíblia com cuidado podemos perceber: ELE NÃO FOI REI!
Então, se Jesus não foi Rei, se Ele não teve uma coroa, se ele não teve um palácio, se Ele não conseguiu até hoje concretizar seu reinado neste mundo, por quais os motivos nós teríamos para chamá-lo de REI?

1- Porque seu reinado não se estabelecia no domínio autoritário sobre as pessoas, mas no príncipio da caridade e da compaixão pelo próximo.
* Ele amava com todas as conseqüências...
* Ele não procurava dominar e tratar os outros como mão de obra barata..
* Ele tinha sensibilidade para ajudar os discípulos a caminhar com seus próprios pés.

2- Porque suas ações espelhavam os conteúdos do seu caráter, e por isso, não havia contradições em seus comportamentos.
• Os seus inimigos não conseguiam encontrar sombras na alma de Jesus...
• Ele na permitia que sua fragilidade (humana) fosse maior do que sua vontade de pregar o Reino, e assim evitava os escândalos.
• Os valores que ele acreditava eram suficientes para mantê-lo firme em suas resoluções.

3- Porque Ele pregava que a Religião não se resumia ao mero cumprimento das normas e dos ritos, mas na prática concreta do amor.
• Pra Jesus o mais puro é aquele que mais ama.
• O mais sensato é aquele que mais compreende.
• O mais coerente é aquele que mais perdoa.
• O mais santo é aquele que menos enxerga os defeitos do outro.
• Para Jesus a Fé verdadeira tem mais a ver com misericórdia e senso de justiça do que com uma religiosidade que nada transforma (Tg 1, 27).

4- Porque Ele fundou uma Igreja que respeitava a individualidade de cada discipulo, como manifestação da riqueza na diversidade dos temperamentos.
• Ele não forçou a Pedro ter a mesmas virtudes de João.
• Ele não exigiu de Tiago a sagacidade de um Lucas.
• Ele soube relevar as características de Mateus, em comparação com a simplicidade de Judas.
• Jesus não precisava nivelar todos por igual para exercer um domínio sobre os seus, pois essa era estratégia dos tiranos, os donos das mega-instituições, os loucos sequiosos de dinheiro no mundo capitalista.

5- Porque apesar de mal compreendido e mal interpretado em seu ministério, Jesus não permitiu que a Lógica do Talião (Olho por olho - dente por dente), se tornasse uma sina em sua Vida.
*Ele teria todos os motivos para revidar...e se calou.
*Ele teria todos os motivos para processar seus opositores por difamação...mas não o fez.
*Ele teria todos os motivos para se revoltar...mas guardou a paz.

ELE NÃO PERMITIA QUE A ALEGRIA TEMPESTIVA DA VITÓRIA OU AS CONSEQUÊNCIAS FUNESTAS DA DERROTA, MUDASSE OS RUMOS DO SEU CORAÇÃO.

"Ele não aceitava que a religião se enquadra-se numa lógica de perda e ganho, numa religiosidade de barganha, mas pregava que a religião celebrasse de fato a riqueza da companhia de Deus. "

Esta era sua peculiaridade.
Este foi o segredo de seu ministério.
Esta é a questão.

Salamaleiko.
Frei Eduardo F. Melo
Santa Teresa - ES.
Quinta-feira santa de 2010.

Um comentário:

  1. Que linda Frei,essa mensagem na semana santa.Apesar de pensarmos diferente em alguns aspectos, penso que temos mais pensamentos em comum do que o contrário,boa semana pra ti. Abraço. Sua amiga . Renata.

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