sábado, 9 de janeiro de 2010

Religião - caráter e comportamentos éticos.




Religião - ética e novos comportamentos pela fé.

Frequentei por certo tempo, por motivo de pesquisa, a Igreja Universal.
Fui testemunha de imagens e de narrativas pouco comuns ao ambiente católico em que fui criado.
Sem me propôr a tecer juizos morais, não receio afirmar sobre o universo evangélico atual:

Estou convencido de que a religião não sobrevive de verdades, mas de redes de sentido.
Quando doutrina e vida colidem, advinha quem perde?
Eu respondo: a doutrina.
As afirmações categóricas da religião são esticadas, moldadas e adaptadas diante das contingências existenciais do ser humano.

Interesses pessoais, projetos megalomaníacos e determinsimos morais exigem que  doutrinas sejam resignificadas para que se encontre uma explicação que poupe da loucura. Nos momentos críticos, todas as pessoas se sentem livres para serem paradoxais, ambíguas e inconsistentes. 

A crença não pode ser imposta coercitivamente.
Fico incomodado com certas pessoas que usam da Fé para se promovorem na mídia.
Na busca de produzir milagres que convençam o maior número de adeptos, a pregação cristã está se transformando em trilha sonora de um peça de teatro.

Fico incomodado com certos líderes que se arrogam o direito de serem chamados Evangelistas e apóstolos.
Para além de toda legitimação institucional, vejo evangelistas se apoiando mais em seus títulos que em sua capacadade de serem amigos do ser humano.

Desejo que esses líderes passem a fazer estágios em algum hospital psiquiátrico, que durmam nas sujas enfermarias dos hospitais para curar doentes em estado terminal.
Não vi ainda nos discursos implacáveis desses líderes a destreza e o zelo pela causa dos mais pobres e humilhados que morrem a míngua nas favelas.
Não vi ainda nos slogans destas igrejas campanhas de apoio ás vítimas da aids, do câncer ou das novas doenças que dizimam milhares de pessoas diante dum sistema de sáude inóspito.

Por isso hoje creio:
Convicção interior é algo imprescindivel para a verdadeira fé.
Mas nem por isso a religião consegue determinar o carater e o comportamento de alguns "ditos fiéis".

Já vi defensores da ortodoxia cairem em insignificantes detalhes.
Já vi pessoas de índole burocrática passarem categóricamente por cima dos outros em nome da religião.
Já vi pessoas muito certinhas dentro dos templos que nada revelavam de humanidade.
Já vi pessoas muito poderosas, que dentro da Igreja manifestavam sua humildade e temor a Deus, mas fora dela, revelavam-se tremendos charlatões.

Assim é a vida.
PARADOXALIDADE, talvez seja o adjetivo mais certo para definir o ser humano.
ESPERANÇA, talvez seja o nome do antídoto que pode curar a doença de um mundo sem perspectivas éticas plausíveis.
GENTILEZA, sublime virtude dos que tem leveza de alma. Só ela poderá salvar o mundo.

Essa é a questão.

Frei Eduardo F. Melo
Rio de Janeiro -
9 de janeiro de 2010.
Salamaleiko.

2 comentários:

  1. Frei Eduardo vc é d+++++!! Disse tudo!! Obrigada por nos enriquecer com suas sábias palavras. Ganhou uma fã!!
    Abraços,
    Mel - Vitória - ES

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  2. Frei Eduardo,

    Gosto muito de suas reflexões. Elas me fazem pensar como devo ser mais solidária, mais amável, amiga, companheira...
    Estamos com saudades!!!
    Bjs

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